Uma mão joga uma pedra,
a pedra, lenta, sonda pássaros,
e curva o ar, se curvando,
de encontro a centelhas,
e curva o ar, se curvando,
de encontro a centelhas,
fagulhas de relâmpago,
sons de aviões a jato,
gritos fragmentados com escuros traços,
gritos de alegria com claros entornos,
e a pedra vai fazendo uma parábola,
parando um instante a que um matemático/físico tire fotos,
posando para um poeta antes de ser mais uma em meio ao caminho,
imaginando que possa atingir o espaço infinito antes da curva final,
a pedra curva o objetivo com destino ao rio da minha aldeia cubatense,
e quando atinge a flor da água vai em câmera lenta pelas pétalas dos peixes,
peixes bronzeados, com barrigas de tanquinho de óleo e águas servidas,
antes de atingir o leito do rio, a pedra sente o fluir das moléculas estrangeiras,
o frescor dos restos que negaceiam a boca dos predadores,
chegando ao fundo num cansaço extremo de quem já viveu tudo
Comentários
Um grande abraço.