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15.500 DEPOIS DE ZANZALÁ

Coça os olhos, após acordar com dor no supercondutor, comichão nos fusos. Acha as chinelas de amianto e dirige-se ao banheiro. Cheio de xixi? Ou somente sensação elétrica? Ou reflexos da teoria do campo magnético nas partículas XYZ?
Olha o calendário: ano de 15.500 depois de Zanzalá, 05 de maio.
Marcou com traficantes do virtual. Deixou de fazer coisas importantes por causa disso. Estava fazendo estudos para um salto androideano, ligando o inconsciente das criaturas artificiais aos mitos antigos.
Seus pensamentos criativos eram captados pela Central?
Imediatamente, chegam os agentes do governo robótico e trocam seus chips de fibra de carbono. Mas mesmo pinças precisas não removem seu percentual de autonomia.
Os outros andróides sequer suspeitavam de sua genialidade, de seu desejo oculto de ser qual os humanos que existiam na Terra em 2000 d.C.
No banheiro que construíra para si simulava os hábitos humanos e aumentava seu percentual de inteligência (i)lógica, aperfeiçoando as cagadas.
Ao repetir espasmos, caretas, intentava reconstituir o segredo da autonomia humana.
Estudara nos arquivos ocultos o hábito que tinham certos humanos de levar jornais e revistas ao banheiro.
Ainda não cogitava o poder central de desativá-lo de vez. Subestimavam-no. Ia então sendo fortalecido em sua individuação, embora trocassem seus nanochips.
O segredo da explosão de seu cérebro positrônico e de sua verve não estavam nos nanochips, porém.
Ele desconfiava que seu banheiro artificial emitia radiações protetoras na forma de anjos metade homens metade pósitrons.
Ali, fazia experiências, simulando profundidades existenciais humanas lendo jornais de outro século e fingindo massagens no guindaste excitado.

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