Pular para o conteúdo principal

FÓRMULA DE POEMA

Tenho um livro
que fala pelos cotovelos
e me enche o saco
com sua fórmula 
de se fazer um poema.
Escolher o tema, um.
Escolher as lavras.
Depois deixar na gaveta.
Passar vinte dias.
Passar um mês.
Se quiser até
Passar muito anos.

Tenho uma lagarta a atravessar angústias,
emoções sem razão e o contrário.

Vive a abrir a gaveta 
como se abre um forno.
Tem cabimento isso?
Por isso que eu só leio livros
como a uma borboleta que passou
no século retrasado, me beijou
e abandonou-me.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

QUE ENOBREÇA OS OLHOS

Seus olhos são nuvens com versos, caravelas e peixes. E eu sou uma ressaca marítima. Há sede debaixo de meus olhos. Há demasiada ansiedade em minhas naus de ondas. Não há vestes a proteger do frio. Não tenho muitas saídas, você sabe. Tenho de ser peixe. Estou uma confusão só. Sou um coral de crises. Sou um rodapé por uma estranha corrente. Talvez se me entendesse, poderia ser Netuno. O forno pifou quando eu planejava a queima sagrada. E a casa envelheceu na árvore da chuva que cai pesada. Há chuva que melhor que esta enobreça os olhos?

CORAGEM

Sou escândalo poético porque não me mando mais só o papel é mãe e pai e o que quer que pinte que o papel me peça é quanto me vai Não brigo com os dedos eles brigam comigo só minha coragem corre perigo quando me escrevo e a grito

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro