Pular para o conteúdo principal

ALEGRIA COM ESCOLA RECHEADA

Hoje, há o deserto 
e em cima dele o teu nada. 
Mas isso é muito triste pra se escrever. 
Concentro-me então no ontem.
Ontem, na escola,
eu era apetite feroz de amor. 
Ontem, eu com garras de tempo-de-sobra. 
Ontem, tinha desejos pelas colegas de direita 
pensando nas da esquerda 
e ao mesmo tempo 
quebrava a testa nos vidros 
da sala de literatura. 
E era apenas o gordo poeta 
que fazia poesias 
com desenhos indecentes.
O Brasil já tinha problemas 
em seus dentes e gengivas. 
E todos tentavam aumentar 
o nível dos pratos. 
Em Cubatão, 
os intelectuais e jovens 
sempre foram dados jogados 
por quem os cooptasse. 
Não todos. 
O resto bebia ou treinava 
com Mestre Cotidiano 
obediente a seus pais. 
Os artistas sempre foram 
as vítimas preferenciais. 
Esses bichas, essas putas, 
esses destruidores de valores, 
esses jovens profanos e ímpios, 
esses velhos artistas juvenis, 
esses esses, sempre foram esses 
ululantes ao infinito. 
Hoje, estou desanimado comigo mesmo. 
Não sou um bom exemplo para os santos.
Isso é muito triste de se ler sem amor. 
Aguardo a festa onde eu possa beber 
o riso que encontrar pelo ar. 
Onde compre alegria com espuma. 
Percebo o deserto. Do lado, me avisam 
que esperanças sempre voltam. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

QUE ENOBREÇA OS OLHOS

Seus olhos são nuvens com versos, caravelas e peixes. E eu sou uma ressaca marítima. Há sede debaixo de meus olhos. Há demasiada ansiedade em minhas naus de ondas. Não há vestes a proteger do frio. Não tenho muitas saídas, você sabe. Tenho de ser peixe. Estou uma confusão só. Sou um coral de crises. Sou um rodapé por uma estranha corrente. Talvez se me entendesse, poderia ser Netuno. O forno pifou quando eu planejava a queima sagrada. E a casa envelheceu na árvore da chuva que cai pesada. Há chuva que melhor que esta enobreça os olhos?

CORAGEM

Sou escândalo poético porque não me mando mais só o papel é mãe e pai e o que quer que pinte que o papel me peça é quanto me vai Não brigo com os dedos eles brigam comigo só minha coragem corre perigo quando me escrevo e a grito

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro