..Estou imerso no poema
E aqui faço-me rei de ouros
De um reino enorme.
Registro sentimentos como coisas
E coisas como sentimentos,
Com o poder de tocá-las
Com mente e coração e dedos.
Daqui, de um lugar bem alto,
Salto sobre dores e amores
Com asas mal coladas,
Exercendo o vão direito do desleixo.
Caio sobre terras
Costuradas com sonhos de volúpia
E ali sou assistido por deusas insones
De ninhos marinhos que no poema gero.
Dou a estas as cores que desejo que tenham.
Engendro um exército de crianças
No verso que quero, inicial ou final,
Para que me defendam com sorrisinhos pontiagudos.
Neste poema, meus mortos ceiam comigo
Lado a lado com meus vivos que morrem de rir.
Comemos Vida e bebemos vinhos de Esperança.
Aqui sou bom como o mais puro amor
E sou perdoado por quem feri sem querer e por querer.
Preciso das coisas e pessoas que aqui gero
Pois sou frágil e dependente como um cão.
Elas permanecerão aos olhos de quem queira ver.
Preciso das pontes que aqui construo e derrubo
E transportam poeira lírica à alma fugidia.
Aqui, esqueço que sou frágil como um galho pendente.
Aqui, esqueço que sou triste como a voz de um sino.
Aqui, esqueço que fui abatido em muitas batalhas internas.
E minha espada torta é inteira e brilha como o luar.
E tenho mares e ilhas doces pra vos ofertar.
Comentários