Um dia em que um amigo morreu
no ajeitar-se às pedras,
uma amiga o criticou,
dizendo: suicidou. Um fraco.
Merece pena, não é como você.
E deitou sobre mim uivando
um gozo provisório...
Então, eu me matei,
depois de lhe deixar o meu orgasmo.
Porque para um homem se matar
tem de ter em seus olhos o fogo da Fênix,
em sua boca o hálito de Cérbero,
em suas orelhas o segredo da Esfinge,
em seu pescoço a dureza dos Titãs,
e desafiar os deuses como Prometeu,
para enfim chegar ao esquecimento
de muitos com os quais até se deu.
Me matei e ninguém me impediu.
Porque a decisão é solitária.
Quando a gente quer, quer.
Foi assim: escureceu-se o palco.
O trem vinha ao longe.
Ainda olhei pra trás a procura de um acaso.
Quem sabe de uma mão eterna.
Só um rato enorme ultrapassava a ponte.
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