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CARTAS DE JAMES JOYCE

Era dia dezesseis
De junho de zero quatro,
mil novecentos e quatro.
Primeiro encontro de Joyce.
Ia o seu pensamento
Veloz no perfil de Nora.
"Bloom Bloom Bloom,
Sinto as tuas intensas
partes de carne e ciência,
mexo em teu árdego ventre,
faço teu rosto em fogacho
de olhares loucoimensos",
escreveu o JAMES JOYCE
à sua esposa em libido.
Quem é ele, tu me indagas?
É Joyce, o James Joyce!
O que escreveu Dubli...dubli...
Nonsense? Algo assim.
Cantou tanto a sua amada,
Poliu su'inflada planta
Que ela ao sul bem regava
Pra doces toques diários.
Rubi rubro dilatado,
Tomate em carnal salada:
Mata cheia e delicada!
Para o seu James Joyce,
Que escreveu p'rela destarte:
"Como a sua 'coisa' cheira em
Teu corpo suado e forte!
Não há nada que eu mais queira!
Lambo-te toda ao comprido,
Mordo-te as costas-recheio!"
As cartas do escritor
Falam coisas cabeludas
Pra Nora, sua tesuda
Esposa meiga e querida...
O amor? floresta muda
De aranhas cabeludas ! -
Disse o escriba irlandês
A uma musa hirsuta -
Assim a Vida faz ver,
Amando a alma da carne,
Que a carne d'alma é Arte
Apalavrada no ser. Sartre?

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