Família assim
Saindo:
Duas moças
E dois meninos,
Sendo um deles bebê,
E mais o pai e a mãe,
Só pra esclarecer vocês.
Entram todos no barzim
Do fim da ruazinha:
O do Marquim Dornaldis,
Onde há na vitrine quente do balcão
Linguiças pastéis e ovos de codorna
De ontem e tresantontem,
O calor matando e sendo morto,
Uns bêbados chorando e cuspindo
No outro lado do balcão o chopp fervente.
Sentam-se então
Duas moças
E dois meninos,
Sendo um deles bebê,
E mais o pai e a mãe,
Só pra esclarecer vocês.
– O Haiti não é aqui...
Cantou o caçula,
Caetana e re(gil)iosamente.
Na TV suspensa,
Deuses de barba,
Anjos da Guarda
E nuvenzudas com silicone
Se beliscavam,
Enquanto lá debaixo
Seis indultados no Natal
Subiam a ladeira
Portando metralhas
E alma ruim.
Acabando a subida,
Entram no Marquim,
Que lia o conto Sarapalha,
Sujo de alho e mostarda,
E o cercam.
O galo canta três vezes
Em tom de projétil
Num celular vizinho:
Fiu fiu fiu fiu
GNAB (BANG AO CONTRÁRIO)
BANG(BNAG AO CONTRÁRIO).
A família é rendida
Por estar bem vestida,
Se bem de roupa doada
Pela cunhada da madrinha
Da enteada da cunhada
Amasiada do Prefeito.
Num bolso pequeno,
Junto ao celular vibram tremem
Reis ma(g)ros de jogo de xadrez.
Leocádia corre junto à prole
E Antonio clama em frente às três
Mulheres de seu grupo.
– Por favor, sou sem futuro!
Tenho um filho de mês!
Mas um que estava entre os seis
Era de dedo bem leve.
Fiu fiu fiu fiu
BANG BANG
(No outro dia, serve-se
Sangue exposto em misto-quente
Foto exposta na internet das
Duas moças
E dois meninos,
Sendo um deles bebê,
E mais o pai e a mãe,
Só pra esclarecer vocês).
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