A vida é o nada
que é nadado no mar do tudo,
já disse Pessoa de sua vinícola,
a nadar com todos
os sonhos do mundo,
rei nada útil
para quem quer
a vida pequena,
vou enferrujando a espada
das horas,
esbanjados cetro
e ilha, onde Wilson
engordou feito uma bola,
inflando sem Telêmaco
que afogara Ulisses
na garganta do poema,
e Erik Satie
em fantasia épica
mata cavaleiros do Norte
por uma clave de fá,
embebedando a Morte
em Montmartre,
minimalizando rupturas
nos seios do Gés
de Jacinta-liga,
depois da chacota
no charco de Paris,
que se foda
Valadon Vale-Nada,
quero morrer
etílico em itálica biografia
sem coleção de guarda-chuvas
que Caronte só quer óbolos
e bolinhas de ecstasy
uma droga moderna sintetizada
cujo efeito na fisiologia humana
é a diminuição da reabsorção da
serotonina
dopamina e
noradrenalina
no cérebro
causando euforia
e grande perda de líquidos
um amigo morre
com muito líquido
no ventre preto
e bonachão
a mulher passa
hidratante
a irmã passa
hidratante
e a perna brilha,
ele era
da
Schola Poetorum
depois de aprovado
na Escola de Mamíferos,
a vida é curta e lenta,
Satie amigo sem corpo
amargo
de desaires,
e eu fui ouvir
Picasso
com os olhos de sono,
numa tela de PC
(não-PC-Farias),
o que eu faria
se não nascesse
em Cubatão,
com uma alma esburacada
de metralhas líricas,
todos os meus amigos
acreditam piamente
em alguma coisa,
como eu
que creio em cachorros
vegetarianos, em baldes
de toda casa,
mesmo sem goteiras,
meus olhos foram mais antigos
quando eu era menos antigo,
na Base Aérea sem base
que não fosse o anseio
pelas putas de Itapema
ou da General,
enquanto o Brasil
perdia o púbis-PIB,
e a democracia voltava com azia
aderente aos antropófagos
norte-americanos,
havia cabeças
penduradas em paus
na casa que eu não morava,
onde achei a Bíblia
com a qual eu apanhava
moscas quando a fechava,
meu pai tinha caranguejos
que me ensinavam o medo,
e as sombras tomavam K-suco
em minha boca,
Dylan Thomas traduziu
meus três poemas do futuro,
salgando salmões
com rouxinóis,
a pedra nos rins
como uma bala alojada
espera o momento de se mostrar,
como a popozuda filosófica
cujo popô faz calar popós
de chico, não o da vila
buarque,
desvio o olhar para a nudez das sete
ex-pornôs de
A Guerra de R.R.,
Big Brofoda,
Flatulentamoda que pega
como catapora,
e me sinto épico
como uma foto
de concursos de Páscoa,
vou ao banheiro
não lavo as mãos
como o almoço
não trinco o osso
do rabo gostoso
de alguma vaca raBuda-zen,
feito com muito óleo
grosso,
distorcido como Morrison
como AC-DC,
como Raul Seixas,
como Black Sabbathozzi,
não dou um bom som
quando falo,
o amigo falou
se eu morresse amanhã
viria ao menos fichar-me
os olhos a luz
da lanchonete,
o amante dela preso
no trânsito
das almas perdidas,
quero beber a água
do mundo,
comer as enfermeiras
que me inundam
de cuidados como mamãe,
quero comê-las com amor,
que elas não possuem ou possuem
mas não tem,
um médico chega,
símbolo da SS,
ordena que se lhe dê
o remédio, ele não quer
senão declamar
as Sete Faces,
se eu me chamasse Raimunda
seria prima do Faustão
sem bunda,
há um carro esperando
para o campo
de concentração,
ele se atira do hospital
como um ícaro de música
que ele ouve na rádio
da saudade,
dormem no mar os anjos
vestidos de ondas
e o amparam,
morrer sem vintém
para uma vela,
sem coroa para uma cena,
mas pelo menos com poemas,
uns cem pra cada ouvido,
e eu com esta sede que não passa,
esta fome que encanta
a criatividade ausente,
como num Funk-Fuck You,
o mar encapela
e o som em capela
do vestido de Estela,
criei agora
a partir
desta calça
que mela,
após assistir,
decidiu o romance, o conto,
o poema, e partiu,
enquanto eu comia
um bolo sem receita
que me lembrou a
Receita Federal,
tenho de fazer o imposto
sem grana empostada
no bolso,
tenho de fazer um roteiro
de cachorro vegetariano,
tenho de comprar um balde
pra minha cadela fazer de pinico,
tenho de desenroscar o umbigo,
cortar a alma em pedacinhos
com uma agulha de crochê doze,
que eu não sabia que existia,
tenho de ler o que for preciso
e que me indique o caminho indeciso
desde o útero,
fazer política como todos os grupos
de artistas que chupam nas maminhas
do Público P(h)oder,
pintar cabeludas mulheres
como pintor que sabia a diferença
entre as mulheres cabeludas
abaixo do ventre e
as bigodudas como Hitler,
cujo peido fazia
kkkkaaammmmppppfffffffffffiuuuuu,
e ir por alí
pois por aqui
vi-te de um sonho antigo
pesadelavas de dor
meus olhos foram contigo
e não voltaram
desconfio que os comeste,
a vida é mesmo assim
em Oz(bórnia)
que é nadado no mar do tudo,
já disse Pessoa de sua vinícola,
a nadar com todos
os sonhos do mundo,
rei nada útil
para quem quer
a vida pequena,
vou enferrujando a espada
das horas,
esbanjados cetro
e ilha, onde Wilson
engordou feito uma bola,
inflando sem Telêmaco
que afogara Ulisses
na garganta do poema,
e Erik Satie
em fantasia épica
mata cavaleiros do Norte
por uma clave de fá,
embebedando a Morte
em Montmartre,
minimalizando rupturas
nos seios do Gés
de Jacinta-liga,
depois da chacota
no charco de Paris,
que se foda
Valadon Vale-Nada,
quero morrer
etílico em itálica biografia
sem coleção de guarda-chuvas
que Caronte só quer óbolos
e bolinhas de ecstasy
uma droga moderna sintetizada
cujo efeito na fisiologia humana
é a diminuição da reabsorção da
serotonina
dopamina e
noradrenalina
no cérebro
causando euforia
e grande perda de líquidos
um amigo morre
com muito líquido
no ventre preto
e bonachão
a mulher passa
hidratante
a irmã passa
hidratante
e a perna brilha,
ele era
da
Schola Poetorum
depois de aprovado
na Escola de Mamíferos,
a vida é curta e lenta,
Satie amigo sem corpo
amargo
de desaires,
e eu fui ouvir
Picasso
com os olhos de sono,
numa tela de PC
(não-PC-Farias),
o que eu faria
se não nascesse
em Cubatão,
com uma alma esburacada
de metralhas líricas,
todos os meus amigos
acreditam piamente
em alguma coisa,
como eu
que creio em cachorros
vegetarianos, em baldes
de toda casa,
mesmo sem goteiras,
meus olhos foram mais antigos
quando eu era menos antigo,
na Base Aérea sem base
que não fosse o anseio
pelas putas de Itapema
ou da General,
enquanto o Brasil
perdia o púbis-PIB,
e a democracia voltava com azia
aderente aos antropófagos
norte-americanos,
havia cabeças
penduradas em paus
na casa que eu não morava,
onde achei a Bíblia
com a qual eu apanhava
moscas quando a fechava,
meu pai tinha caranguejos
que me ensinavam o medo,
e as sombras tomavam K-suco
em minha boca,
Dylan Thomas traduziu
meus três poemas do futuro,
salgando salmões
com rouxinóis,
a pedra nos rins
como uma bala alojada
espera o momento de se mostrar,
como a popozuda filosófica
cujo popô faz calar popós
de chico, não o da vila
buarque,
desvio o olhar para a nudez das sete
ex-pornôs de
A Guerra de R.R.,
Big Brofoda,
Flatulentamoda que pega
como catapora,
e me sinto épico
como uma foto
de concursos de Páscoa,
vou ao banheiro
não lavo as mãos
como o almoço
não trinco o osso
do rabo gostoso
de alguma vaca raBuda-zen,
feito com muito óleo
grosso,
distorcido como Morrison
como AC-DC,
como Raul Seixas,
como Black Sabbathozzi,
não dou um bom som
quando falo,
o amigo falou
se eu morresse amanhã
viria ao menos fichar-me
os olhos a luz
da lanchonete,
o amante dela preso
no trânsito
das almas perdidas,
quero beber a água
do mundo,
comer as enfermeiras
que me inundam
de cuidados como mamãe,
quero comê-las com amor,
que elas não possuem ou possuem
mas não tem,
um médico chega,
símbolo da SS,
ordena que se lhe dê
o remédio, ele não quer
senão declamar
as Sete Faces,
se eu me chamasse Raimunda
seria prima do Faustão
sem bunda,
há um carro esperando
para o campo
de concentração,
ele se atira do hospital
como um ícaro de música
que ele ouve na rádio
da saudade,
dormem no mar os anjos
vestidos de ondas
e o amparam,
morrer sem vintém
para uma vela,
sem coroa para uma cena,
mas pelo menos com poemas,
uns cem pra cada ouvido,
e eu com esta sede que não passa,
esta fome que encanta
a criatividade ausente,
como num Funk-Fuck You,
o mar encapela
e o som em capela
do vestido de Estela,
criei agora
a partir
desta calça
que mela,
após assistir,
decidiu o romance, o conto,
o poema, e partiu,
enquanto eu comia
um bolo sem receita
que me lembrou a
Receita Federal,
tenho de fazer o imposto
sem grana empostada
no bolso,
tenho de fazer um roteiro
de cachorro vegetariano,
tenho de comprar um balde
pra minha cadela fazer de pinico,
tenho de desenroscar o umbigo,
cortar a alma em pedacinhos
com uma agulha de crochê doze,
que eu não sabia que existia,
tenho de ler o que for preciso
e que me indique o caminho indeciso
desde o útero,
fazer política como todos os grupos
de artistas que chupam nas maminhas
do Público P(h)oder,
pintar cabeludas mulheres
como pintor que sabia a diferença
entre as mulheres cabeludas
abaixo do ventre e
as bigodudas como Hitler,
cujo peido fazia
kkkkaaammmmppppfffffffffffiuuuuu,
e ir por alí
pois por aqui
vi-te de um sonho antigo
pesadelavas de dor
meus olhos foram contigo
e não voltaram
desconfio que os comeste,
a vida é mesmo assim
em Oz(bórnia)
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