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ADERNANDO PELOS OLHOS

Esquecer que fui oco mesmo denso o espaço
Esquecer tudo ficando na beira da margem
Esquecer que ser ontem é hoje estar sentado a ver
Esquecer o impossível da fruta não mordida de sabor possível
Esquecer na capa o título do abraço desejado
Esquecer as palmas após o palco chovendo
Esquecer o desejo não retornado do prefácio inusual
Repaginar o caminho do rei destronado
Esquecer que não redigi indesculpáveis parágrafos
Esquecer que não conclui o traço da idéia inicial disto
Os pés recolhidos sob as rodas do dia
Os degraus do irrefreável ritual
Pedir desculpas do abstrato esquecer o que não vi
Refazer renascer no intervalo entre lá e aqui
Pular a janela escancarada dentro
Salto ornamental no evanescente
Pular respondendo ao vazio
Do amor ido sem densidade
Esquecer que amei uma estátua num conto
Com o casco-coração adernando pelos olhos
Esquecer que fui oco mesmo tenso o esboço

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QUE ENOBREÇA OS OLHOS

Seus olhos são nuvens com versos, caravelas e peixes. E eu sou uma ressaca marítima. Há sede debaixo de meus olhos. Há demasiada ansiedade em minhas naus de ondas. Não há vestes a proteger do frio. Não tenho muitas saídas, você sabe. Tenho de ser peixe. Estou uma confusão só. Sou um coral de crises. Sou um rodapé por uma estranha corrente. Talvez se me entendesse, poderia ser Netuno. O forno pifou quando eu planejava a queima sagrada. E a casa envelheceu na árvore da chuva que cai pesada. Há chuva que melhor que esta enobreça os olhos?

VOCÊ TEM HONRADEZ

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