Pular para o conteúdo principal

AMAR SEM TRA-LA-LÁ

Vem o amor com certezas,
Bate em portas com tesão,
Sangrando seus mitos gregos.
Mascando sem dó seu pão,
Com muita libido sôfrega
Em mil crostas de paixão.

A canção que ele escreve
Não cabe toda no afã
Dos desejos confessáveis
Nem sequer pode a divã.
Não precisa ser recíproco
O seu mergulho quântico.

Assim o amor dispensando
Os braços de canto em fá.
Que não esteja em conforto,
Isso pouco se lhe dá,
Ele a tudo com seu fado
Suporta, sem tralalá.

A flor que ele abre: benção
Dos atritos que o aferventam
Tem seu perfume envolvendo
O tempo com cargas densas
De fervor, com seus imóveis
E móveis gestos apensos.

(Dizem que o amor aos domingos
Com a família em volta à mesa
Vez em quando imita missas
Pra ter de Deus vista acesa
Que por ser Velho seduz-se
De cupidos na afoiteza.)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

QUE ENOBREÇA OS OLHOS

Seus olhos são nuvens com versos, caravelas e peixes. E eu sou uma ressaca marítima. Há sede debaixo de meus olhos. Há demasiada ansiedade em minhas naus de ondas. Não há vestes a proteger do frio. Não tenho muitas saídas, você sabe. Tenho de ser peixe. Estou uma confusão só. Sou um coral de crises. Sou um rodapé por uma estranha corrente. Talvez se me entendesse, poderia ser Netuno. O forno pifou quando eu planejava a queima sagrada. E a casa envelheceu na árvore da chuva que cai pesada. Há chuva que melhor que esta enobreça os olhos?

CORAGEM

Sou escândalo poético porque não me mando mais só o papel é mãe e pai e o que quer que pinte que o papel me peça é quanto me vai Não brigo com os dedos eles brigam comigo só minha coragem corre perigo quando me escrevo e a grito

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro