E assim foram condenadas à beira
do tanque das inconsciências.
As mulheres de Atenas, se lembram?
Faziam, atendiam, e
ainda fazem cafuné, atendem fomes.
Não percebem a terra até o pescoço,
que lhes foi entregue enquanto sorríamos.
Como que é? Estão me tirando?
Vão dizer que não...
E aquela terra então, aquela
invisível,
que enterra a dignidade delas
ao recato e doçura do aço?
Demos-lhe o Véu. Telas
Onde pintam
O Pai, O Filho, o Deus Virilha.
Nem perguntam sobre nosso muque.
Conseguido por lançarmos pedras
ao seu orgulho de existir.
Pedras pesadas que nos consomem
quando as atinge.
Pedras que lhes atiramos sem remorso
acertando em ricochete nossa alma
ou alguma coisa parecida.
E nas igrejas algumas pedem perdão por nós.
E ainda lavam nossos machados
com o corte de seus pulsos.
E então a gente segue,
bons pais, bons filhos,
bons irmãos, fazendo poemas
louvando-lhes o materno dom,
estendendo-lhes o cavalheirismo,
que se impõe mais forte
e assim as faz mais frágeis,
somos os machos gentis,
patriarcas disfarçados
trespassando
sua alegria com nossa fúria
dissimulada...
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