Na verdade, foi só uma criança de cruzamento
Que foi presenteado com um sorriso de vitrine.
Nasce Egeu virado no útero.
Três são as tentativas do médico tirá-lo
sem afetar a mãe.
Na terceira, nasce.
Três passarinhos numa gaiola próxima
morrem e ressuscitam nesse dia.
A partir do trânsito parado.
O garoto Egeu bate no vidro.
Você não abre. Passam anos.
Já adolescente, Egeu bate em seu vidro de novo.
Você não abre. Mais anos.
Eros e Tânatos na umidade do dia chuvoso
um dia se apresentam.
Dizem de nós: - São um gênero seco.
Hoje mais um dia vai morrendo.
Uma ilha.
Um rio.
Moléculas de ar.
Uma mulher tece um tapete de verbos.
Egeu sempre quis um boneco do Hércules.
Faz piruetas frente aos carros.
Depois vai à lojinha tentar comprar
um com moedinhas que juntou.
Volta noutro tempo. Ainda não dá.
Um ciclope o observa.
Um traficante que lhe propõe doze trabalhos.
Primeiro costuraria em sua barriga três quilos.
Depois, atiraria em três adultos.
Não tem emprego pra todo mundo.
Não tem consumo pra todo mundo.
Depois, queimaria três devedores.
Quatro: cortaria a perna direita a seis parentes.
Cinco: envenenaria a Grande Prostituta.
Seis: pintaria o Sete.
Sete: intoxicaria a poesia das musas abandonadas.
E dos poetas subdimensionados.
Oito......bem, o fato é que doze foram
suas tarefas. Mas....
o tempo...o tempo...o tempo...
Caríbdis aparece de novo
no mesmo cruzamento.
Com medo, não sais do carro.
Devoras a manhã e torna a cuspi-las.
Uma história, pedacinho dela:
"Quando Hércules passou
perto de Messina,
levando os bois de Gerião,
roubou alguns
e devorou-os.
Ao tentar investir contra o herói,
que tentava recuperar seu gado,
Caríbdis foi fulminada por Zeus,
e lançada às profundezas do mar,
onde se transformou
em um monstro marinho."
Uma criança num cruzamento.
Podia ser teu filho, Caríbdis.
Podia sim.
Brincaria ele em teus remoinhos?
Um sapo de plástico e um boneco de quatro braços.
Bate no seu vidro de novo.
Está mais maduro.
Você não abre.
Ele trinca o seu vidro, com vontade de trincar-lhe os dentes.
Ele te olha. Não bate mais em teu vidro.
Perdeu um braço na guerra urbana.
Como armamo-nos...comemo-nos???
Teu vidro é muito resistente....como a tua alma.
Mas olha. O outro braço tá armado.
Mas, veja. Posso terminar esta história de outra maneira.
Na verdade, foi só uma criança de cruzamento
Que.........
Que foi presenteado com um sorriso de vitrine.
Nasce Egeu virado no útero.
Três são as tentativas do médico tirá-lo
sem afetar a mãe.
Na terceira, nasce.
Três passarinhos numa gaiola próxima
morrem e ressuscitam nesse dia.
A partir do trânsito parado.
O garoto Egeu bate no vidro.
Você não abre. Passam anos.
Já adolescente, Egeu bate em seu vidro de novo.
Você não abre. Mais anos.
Eros e Tânatos na umidade do dia chuvoso
um dia se apresentam.
Dizem de nós: - São um gênero seco.
Hoje mais um dia vai morrendo.
Uma ilha.
Um rio.
Moléculas de ar.
Uma mulher tece um tapete de verbos.
Egeu sempre quis um boneco do Hércules.
Faz piruetas frente aos carros.
Depois vai à lojinha tentar comprar
um com moedinhas que juntou.
Volta noutro tempo. Ainda não dá.
Um ciclope o observa.
Um traficante que lhe propõe doze trabalhos.
Primeiro costuraria em sua barriga três quilos.
Depois, atiraria em três adultos.
Não tem emprego pra todo mundo.
Não tem consumo pra todo mundo.
Depois, queimaria três devedores.
Quatro: cortaria a perna direita a seis parentes.
Cinco: envenenaria a Grande Prostituta.
Seis: pintaria o Sete.
Sete: intoxicaria a poesia das musas abandonadas.
E dos poetas subdimensionados.
Oito......bem, o fato é que doze foram
suas tarefas. Mas....
o tempo...o tempo...o tempo...
Caríbdis aparece de novo
no mesmo cruzamento.
Com medo, não sais do carro.
Devoras a manhã e torna a cuspi-las.
Uma história, pedacinho dela:
"Quando Hércules passou
perto de Messina,
levando os bois de Gerião,
roubou alguns
e devorou-os.
Ao tentar investir contra o herói,
que tentava recuperar seu gado,
Caríbdis foi fulminada por Zeus,
e lançada às profundezas do mar,
onde se transformou
em um monstro marinho."
Uma criança num cruzamento.
Podia ser teu filho, Caríbdis.
Podia sim.
Brincaria ele em teus remoinhos?
Um sapo de plástico e um boneco de quatro braços.
Bate no seu vidro de novo.
Está mais maduro.
Você não abre.
Ele trinca o seu vidro, com vontade de trincar-lhe os dentes.
Ele te olha. Não bate mais em teu vidro.
Perdeu um braço na guerra urbana.
Como armamo-nos...comemo-nos???
Teu vidro é muito resistente....como a tua alma.
Mas olha. O outro braço tá armado.
Mas, veja. Posso terminar esta história de outra maneira.
Na verdade, foi só uma criança de cruzamento
Que.........
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