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CORPOSDECORPOS

Em movimentos tridimensionais

surgem nossos caracteres

na tela dos dentes do Tempo

e tudo começa mordido

numa sinfonia de envolvimento.

Posso dizer: não sei. Ou sei.


O Tempo 

O Tempo.

Os caracteres de nossas vidas

nossas mortes pequenas e várias

nossos controles remotos

nossos fios

antenas e mentes em MDF.

O Espaço

O Espaço

sempre mínimo para o afeto

para a pele com a pele

o baú do dia-a-dia

a amada no poste

no sol do rosto

na lua do corpo

com suas sabedorias na mesa

do outro corpo

com farofa carne e apetites

sem trabalho não se ganha

a arte apesar de tudo

com fome não se faz arte

com sede não se faz arte

mas a arte apesar

sua leveza sobre nós

corpos de corpos de outros corpos.

Amém.

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