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LENDO CUBA

Cubatão, atenta,
E deixa eu ler-te 
A sensualidade
De moça de cócoras
A brincar no óleo dos rios,
Engrossando as coxas no dobrar do talhe,
Pitos acesos nos cantos dos lábios.
Em teu pescoço, leio a artéria verde
Intensa de lírios.
Acima do peito, leio-te o desejo,
Nas tuas costelas beijo
Sonhos de bem mais.
Perto de teu baço, leio o luxo e o traço
Nos largos imemoriais
Onde a elite dantes bem se deleitou
Filando o café quente com biscoito
Pertinho do umbigo, leio Miquelina
Que acendeu as luzes de sua morada
Onde após seria o velho Anilinas.
Leio mais, descendo o sul de teu corpo,
E avisto povos fortes dos sertões
Vindo para a indústria e se amalgamando
À biodiversa cor cuipataense
Das rodas dentadas marcando riquezas.
Enxergo em teu sexo de delícias
Festas de aldeia, blandícias,
Com seus braços amplos, em passo gozosos,
Índias, portuguesas, nordestinas, outras,
Temperando o solo com sua alegria,
E nos teus joelhos leio o sempre fértil
Riso de esperança ao dobrar da história.
Nos teus pés, mais leio ritmo em cadência
Emancipatória de passista plena,
Chapinhando o tempo sob o tom do amor. 

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