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Mostrando postagens de setembro, 2012

CINZAS

Vês aquele olho furioso  coalhando? Está com fome roendo próprias pupilas. A boca dele é do tamanho da nossa ausência. Vem pelo oceano que borramos. Águas vivas de violência.

UM PROJETO SE PREPARA

Um projeto está sendo preparado Na floresta para que se expulse o querer. Os macacos velhos não sabem. Dizem as aves mais novinhas que não podem saber. Se não, desabam em cachos. Enquanto não são vítimas do projeto, Jogam quereres às cobras, E vão assim passando dias e noites. As lagartas mais novinhas choram, caladas. Ninguém sabe do autor do projeto. Mas eu que observo desde sempre, sei. O autor foi quem fez a lei.

O BARRO DE DENTRO

Nasci cercado de barro e barracos e campinhos de futebol onde pés já nasciam sangrando pedras. Havia valas profundas com imitação de peixes coloridos. Girinos pretensiosos. Mergulhávamos nas valas, com esgoto pelos joelhos. Arrumávamos guerras. Meu agrupamento era imaginário. Sempre perdia o beijo da colega, Princesa do Além-Do-Muro. Lembro das que andavam só de calcinha. As mães vigiavam seus percursos. Era preciso. Princesas que ainda não tinham peitos. Como nós que não tínhamos pelo por lá. Assim, meu primeiro poema nasceu no barro. O barro me tomou a partir dos pés. Até a alma trago suja em barro. Um barro de antes. Onde o amigo Roberto Páscoa? Onde a amiga Leninha? Trago-os moldados no barro de dentro.

LAGO - SER

No ser o poema abre um lago De coaxos enche o chip o sapo Desligando as vozes da lagoa Lança feudal na mata virgem Então redigir com o mato d'alma Florestas de versos sem limite E tudo pelo corte horizontal Do sangue esticado nestas pedras Do poema estendido em mel e sal

OCEANOSUORES

Minha pele vai criando oceanos, Percorrendo-te as ilhas, vales, Tomo teu umbigo: onde aguço saltos E atinjo-te o vale - afogueado céu, Sensação de elevar rios a oceanos Ao amar-te, eu rei do instante-já.