Assim, chorou o ator, em primeira atuação, quando o pano descerraram. Na platéia, surda velha escutava a todo pio. Bateram em sua bunda, de cabeça para baixo, e ele chorou como nunca, porém bem mais choraria. Puseram na sala ao lado. Ele ansiava por Ela, a Diretora Geral, Mãe de belos odres plenos. Quando ela se aproximou, carinhosa como sempre, ele pulou com furor: cravou gengivas de pedra naqueles odres em flor. Esvaziou-os até ficarem murchos de dor, só que se encheram de novo, e ele esvaziou-os, e eles bem mais inflaram, e ele os desinflou, branco espedaçado em sangue, e assim foi se instaurando um hábito inarredável de mamar e desmamar, sob o sol cotidiano, cada ano seu de vida. Terminou sem os tapinhas, sem aplausos, ovações, no mesmo leito que havia.. O teatro cheio de mofo, A velha surda no estofo E a comadre gris vazia.