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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

SER SOL SAL OLHAR

Quebro meus dedos nas quinas do ser E me embriago em suas tensões. Frente ao papel, a mágica nas mãos. De ser para o sol, no sal do olhar. Dou o sangue, ouro esmagando. Dou o sangue e o aço para o poema audaz. E assim sou rei em um trono entre os dedos.

LOUVA-A-DEUS

Cérbero e sua baba ortodoxa  no quintal criou uma igreja, onde mulheres rezam. Planos possíveis  de estabelecer o inferno. Um louva-a-deus mata mulheres  parecidas com sua mãe conforme o livro sacro. Quer a aprovação de homens parecidos com seu pai, um pé no saco.

FÍSICA QUÂNTICA NO CHOPP

Ponteiros de passarógio manco. Se veio em pedaços, Como evitar a morte  Dos pedaços de vida pelo caminho? Um cão chamado esperança boceja. Saliva o tempo com espaços circulares. Os seios da lua batem no chopp escuro da noite. Não há versos para um sentir além. Para um sentir quântico a espera Está viva e morta ao mesmo tempo. Como este grão mínimo no chopp.

ALMA SUÁSTICA

O número de mártires. Poemas-cárceres. O polímero no poder de plástico? O encosto dos mortos. Volto ao básico gosto? O úmero de tortas gazas na faixa. Os judeus sofridos da guerra têm muito a ver porém com tua alma suástica. Pior que o anti é o pró. E Gaza berra. Amériqu/Eretz  Soterra dignidades. O jornal não diz o número Exato de guerras necessárias Ao bom lucro de Amériqu/Eretz Nem o exato número De mártires e crianças Pintadas na fumaça do ódio De seu Primeiro Minestrel De b(arack)”. Tudo se repete, E o Jornal nunca abre A ferida como deve. As grandes nações têm sementes da Grande Alemanha: no Brasil, não se pode ter humor nas eleições: Policiais militares cumprem ordens de despejo pela Lei da Insensibilidade e Neutralidade do Mercado Para Todos principalmente para Todo Poder Que Dita as Leis Brancas Amarelas Vermelhas de Ébano de Arco Íris: o primeiro que teve propriedade privada na Pré-História cercou seu terreno e se acreditou deus e todos acreditaram porque regou

A LUZ NA ALMA DÓI CARNE

Lá vem você me acordando. Olha que meu bafo é irado. Saiba que, desenquadrando, Vou me enrolando, quadrado. Mas sou quadrado ao contrário, Gosto do qu'inda não vi. Sofri todas as pedradas Que do meu rim extraí. Mas já era mesmo hora De acordar este sangue, Continuar, mesmo fora, Mesmo neste tempo exangue. Hei de armar bem os poemas, Ousar como nunca ousei. Refletirão os problemas, E a alma do povo-rei. Após, voltar a deitar-me? Após, de mim me esquecer? O tempo na alma dói carne. E arco a escurecer-me.

PERDULARIUS TOTEM

A sombra mergulha nos rostos Bailam os inebriados de desejo eleitoral pela sereia-poder agachada no urinol-urna Os dedos de Totem Perdularius dedilham suas almas E suas ambições voam como o suor quando evapora Conduzindo o embate das causas sem causa, Servem à mídia nossas entranhas E nos ensinam de novo a escravidão aos olhos E nos agrilhoam os neurônios por quatro anos

PARADOXO DO MEDO

Desde o primeiro vagido O medo Desde o primeiro medo A submissão Desde a primeira hesitação Fortaleceu-se O mito do medo O medo do mito Desde o primeiro deus O medo do filho destronando Desde o primeiro arremedo De choro Desde o primeiro riso Desde o primeiro amor Desde o primeiro continente Desde as primeiras estrelas O mito se arrepiou com o ato incerto A primeira mulher amada navegou em nosso medo E pariu nossas coragens sem saber Que estava criando heróis Capazes de tudo Até de vencer Afugentar o medo

LIVRÍCIO

Ande e pare. Par'ande. Repare. Pare de novo. Não me aparte Desse livro-ovo. Pouco excita O que há fora. Só repare Quão bonitas As orelhas, A guarda, o corte Do pé, da frente, Sua lombada, A canaleta rente, A bolsa, eta Eta eta! (Boceta) Que folhas-tetas! Aqui me ajeito. Me acorde trinta De fevereiro. Vou me internar, Aceito, No frontispício De cabeceira, Liv(r)ício com Sobrecapa!

DO INÍCIO

A carta o lance as mãos da pedra Morte nos cinzentos sapiens O jogo de mentiras cede ao  Blefe insano do jornal  Comprado pelo acólito etc.  A calçada insólita memória Samba nela aqui o som da selva  Nascida  do início

OS MORTOS ESTREITANDO

Os cabelos que embranquecem Ou pulam caixões, rebeldes, são apenas os mortos de cabeça pondo algodão-doce no meu crânio à devoração da criança-tempo. As células que enrugam são apenas os estreitos de cirandas invisíveis no corpo-velha-gibraltar.

SONS NO VÓRTICE

O vórtice Da morte na vida. Igual, pleno do visível Mistério destes dias risíveis. Estar falho. Pisar no ínfimo. Homem de lata. Escrever : mistério Não tão misterioso. No branco coração das águas, Perceber o fogo do Deus-Bóson. Que o logos vibre.

NÃO SEI QUANTOS E NEM SEI

não sei se um poema vaga quando acordo no que sou não sei nem se aquele lago em letras sabe onde estou não sei quantos versos choram querendo bem espelhar-me não sei nem se os adoro nesta febre gerá-los não sei se os poemas quebram se meu destino endurecem se enxergam desespero se com dores me amolecem sei que mil poemas dormem ao fundo do ser de ocasos, mas se acordarão conforme este ser....não vem ao caso

ORA SOU QUAL QUEM

Às vezes, sou este que alguém nota E aceita a letra e a bota aquém. E quando leio não me sinto sem. Dou-me naus e o mar que as pilota. Em outras, sou quem ninguém vê, Rosto confuso de apagável linha. Com ocos, vácuos, a tecer O texto que o caos principia.

OUTONO QUE MONTA E MUDA

A ruga que se acumula Na face que o espelho humilha, Grandes lábios que se fecham Ao sangue bom da virilha. O justo que se intitula Na injusta lei que espezinha, A lasca que nos desunha No avanço da calmaria. O susto que se acasula No acaso que cose a zica, O achaque que enclausura E mal dissimula a vinha Que o outono monta e assina Na inevitável sina.

ESTILETE DE DEUS

Sabemos que querem voltar. Beberam. Comeram. Esvaziaram nossos silos. Torturaram nossas mães. Jogaram com a cabeça de nossos pais. Tiraram as asas a nossos pássaros E querem voltar, ressuscitar Como preta mordaça em nossos dias. Vemos seus olhos de ódio nas moitas. Miram nossas bocas e pulsos. Estão à espreita, fuçando rodapés. Mas não podem.Não deixaremos. Embora frequentem nossas telas, Embora pintem retinas de moral verde, Embora pareçam bons, amorosos, E balancem berços Como um estilete de deus.

SEUS OLHOS DOS CÂNTICOS

Mas que olhos tão grandes! Mas que faces tão luz! Mas que corpo tão são! Mas que joelhos tão bons! Mas que coxas inconhas! Mas que pés de tulipa! Mas que braços tão galhos! Mas que mãos de açucena! Mas que dedos tão astros! Mas que alma mor(f)e(m)na! Mas que quadris hermosos ! Mas que umbigo pleno! Dadivosos teus ossos! Mas que intensos meios! Tudo isto eu vi Quando li nos teus cânticos Apócrifos.

ASSIM, TUDO COMEÇOU

Assim, tudo começou naquela ilha. Tinha cheiro forte aquele mar. Quando nos beijamos, o céu caiu. E nos encheu de um oceano doce. E nasceram em nós caravelas antigas. E nasceram juntos os que as guiavam. E vieram os tufões. E vieram sereias de flautas de corpo às bocas. Os mares tinham o contorno de nossos encaixes. Creio que ainda existem.  Mas e as pontas? Como vieram?

SEM MODUS

Sem modus operandi, eis que o poema expande linhagem infinita de poesias sem lugar. Lugar disso é naquilo. Meu processo de poesia é passivo quando brande-se, a custo é que se equilibra meu processo dandi . Dandi é o que não percebe. Meu tempo cresce no hoje, disse Paulinho à viola. Mas o meu tempo é vazante e no dar-se-me estiola-te. Dando é que não se recebe. Sem lugar a não ser pra ruga Do espaço que cronos envelhece, O poema mata a pulga grafema.

MITO ALQUÍMICO - PARA A PEÇA TEATRAL EXODO

O desespero no limite A sempre iterritorial habilidade de sonhar O navio invisível lembrando  Quantas? Chegar a algum lugar pretensão  Num tempo de destruição de todos os lugares Num tempo de destruição do ir e vir Num tempo de destruição dos direitos cruciais Num tempo de triunfo dos déspotas públicos esclarecidos Num tempo de sem-tempo a não ser para desmontes do humano A pergunta que se faz é se há um pão de teatro para comer em paz Um pão de pintura pra se morder Um pão de escultura um pão de música Sem se tornar artista oficial Sem a necessidade de comprar vaselina Para que não doa o falo-imperialismo-econômico Como buscar o transreal sem dor O paraíso no mármore linóleo madeira acústica Como estar seguro na fronteira entre o real e o ilusório Como estar seguro fugindo de si mesmo O neo-fascismo acena com as delícias Querendo invadir os sonhos As faces do anjo maquiadas por telas e telões Na direção da terra prometida O sangue escorrendo dos tubos do

MEU SOLAU ENVERGONHADO

Com meus versos, nesta hora, faço agora o bem perfeito de louvar essa senhora deste desenho imperfeito de um livro da Idade Média, usando o imaginário, mas dando um real tempero. Esta dama medieva tem qualidades no peito que quantos o sabem coram, tudo nela é bem aceito, bela é por dentro e por fora. Direi a vós que não há igual em beleza e chora quem não consegue beijar sua boquinha de amora. Quando pousa a nosso lado com seus olhos de bonina, plenos de brilho, endeusados, na frente de uma cortina... Quando pousa no balcão com seu jeito de sofrer, tão triste, mas que contém a beleza das estrelas... Quando pousa, a sensação é de mar esverdeado, em tal iluminação, que torna belos os peixes e ao bom futuro inspira com seus líquidos encantos. Pode estar neste desenho, Mas sinto perto o seu cheiro... Ela mora em outro século, tem guardas sérios, matreiros gigantes

VIOLA BOLORENTA

Paulinho é gênio, Quer ser escritor. Só não leva prêmio Se o assunto é amor. Chega a ter ataque Quando vê Maria, Célia, Lúcia, Márcia, Juntas num só dia. Mas é no teclado Que Paulinho vinga, Joga o dedo irado E poemas singra. Vê a foto de um atleta E inveja em seu tormento. “Por fora, bela viola, Por dentro, pão bolorento.”

SECANDO SONS E SULCANDO SINS

Feri demais a alma em verso sôfrego, E fui sangrando mais, poetizando. Feri-a não, firo-a e sem fôlego É esse tom di(verso) me calando. Amo-a, alma de diversa idade, E enfio-lhe os dentes, furo veias, Mordo-lhe a complexidade, E entorto a luz que ateia. Vivo a ferir de escuros a poética, Hibernado em caverna impura, Onde Platão medrou nas mentes céticas. Adenso o ser pondo figuras De dentadas, frases fétidas, Na garganta que o poema acura.

ARTISTAS DEVORADOS

Vai começar o espetáculo! Adamastor, o Gigante, Artística Sindicalidade  Promontória, Que estabelece sindicalmente O profissionalismo com taxas, Regras e etiquetas e cursos, Alinhavou todos os artistas. Adamastor está contente! Vai começar o espetáculo!  Os artistas de ego inflado Por outros egos-flatos, Os artistas ingênuos, Os profissionais amadores, Amadores profissionais,  Todos neutros  Em relação à Luta! Ora, eles precisam armar o varal, lavar a alma na Vara de Deus. Porqu'ele brigou? Por nós. Eu quero é ganhar!  Diz o Eu(tista). Adamastor Sindico devora os artistas que não lhe beijam, Adamastor devora as almas devagar, Adamastor passeia com seus cães Que defecam figurinhas nas consciências, Adamastor vendeu todos os ingressos,  Adamastor se orgulha da Colônia Penal, Premiando a inteligência abstrata Do Artista Profissional Adamastor Amador Com vaga na Academia e no bar  "DAS CINCO". Xanão. "Chegou Payo de Maas Artes  com seu

PASTELEIRA QUERO UM PASTEL

Quero um pastel, pasteleira, um pastel de camarão. Depois, quero dar beijinhos nas palmas de tuas mãos. Quero um pastel, pasteleira, de carne de boi pego a laço. Depois, quero a saideira num apertadinho abraço. Quero um pastel, pasteleira, regado a catupiry. Depois, quero na soleira um pedacinho de ti.

GRAFITEIRO

O grafiteiro grafita com toda a calma do mundo. O dono do muro grita de cueca e furibundo. O grafiteiro risca o prédio de madrugada. Vê a mocinha dormindo pelo vidro da sacada. O grafiteiro é tão bom que o céu tem seu desenho. Mas Deus não ralha com ele, mantendo a calma no cenho. Às vezes eu até penso que o grafiteiro reside em casa nas grandes alturas e nada debaixo o agride.

VIGILANTE DE MOTO

O vigilante de moto passa no bairro e após some. Quem o olha com cuidado vê surgir um lobisomem. Sua moto é tão possante que a um trovão imita. Não é bom ficar na frente, pois a moto não levita. Uma vez quando encontrei de moto o vigilante até o cumprimentei e ele respondeu radiante. Fiquei pensando: será que é mesmo assombração? Nem barba tem o rapaz, parece mais um bobão! Quando pensei isso, ele fez com a moto piruetas. Asas projetou na lua; eu fugi e fiz caretas.