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Mostrando postagens de março, 2013

BUG BUG HUUUUGGGGHHHHH

Naquela casa, situada á Rua Santos, 38, Cubatão, tudo estava mais ou menos escuro, a não ser por.... De repente, a claridade, um zunido vindo do mundo de fora do PC. Lera em algum lugar a respeito de barulhos estranhos vindos de fora. Pensava que PC era Planeta Cronos. Certa vez fora abordado por dedos em um teclado nas constelações do exterior. Outra vez, se queixara por que um cursor, ponteiro de rato, se lhe fincara no peito. Mas ele não tinha medo do que estava fora, não ficava arrepiado com o desconhecido, até mesmo porque nascera pronto para a explosão (travamento) do PC. Porém, como evitar o bit de nervos diante de possível BUG? Como fugir de fazer indagações filosóficas a Mestre Gugou? Somos apenas um ajuntamento de vácuos? - perguntou. Por que ele existia? Haveria luz do outro lado? Estava só num universo quântico? Deus era um dedo a se aproximar do Power (fiat lux)? Quanto mais aceso o monitor, mais riso ou dor? Esquecera, por excesso de tergiversação, de atentar para os

BLASFÊMIA DE LOT POR AMOR A EDITH

Ela olhou para trás. Que curiosidade! Não ouviu o anjo? Mas Deus sabia. Não é onisciente? Não sabe tudo? Desculpe, Senhor, não precisa estrondear, relampear, assim eu fico surdo, puto, sei lá...Por que ela virou? Ela olhou para trás. E então mudou a pele em sal, Meter no sal não dá. Arde pra porra, pra carai. Uma mulher de sal não geme se a fodemos. Ela sabia que fim teria. Não ouviu, Deus puniu. Às vezes perguntava por que um Deus Senhor. Por que Filho do Homem? Por que mulher costela, assim letra pequena como coisa pra pena? Deus não tinha mulher pra foder? Assim dizia ela. Edith língua solta. Minha adorável língua solta.  Que língua, Meu Deuzinho! Assim dizia dela Copiando o elogio .  Deus salgou minha mulher para as cabras?  Perdão, Senhor. Não relampeie. Anjos disseram que ela já tava marcada. Uma rebelde. Era qual Lilith, a que queria dar por cima. Uma mulher tem direito de não transar por baixo. Não me queixo. Por isso, casei co' essa mulher de peito. Só não olhei p

ESTONTEADO DE ONTENS

Ontem, eu vi Skins, E então chorei por Freddie. ...Não sou tão frouxo assim Como parece. Ontem eu li um conto, E nele eu me reli, Chegando em ponto, Ao por-me um fim. Ontem pesadelos: A noite era sombria. Nua em meio ao gelo, Você, alma, gemia. Estou doente, em dor, Disse-me Caronte, De um grande amor Estonteado de ontens.

TALVEZ MUDASSE

Meus olhos, baças vidraças: As flores talvez não morressem Nas trilhas destas paredes Se não partisses daqui de dentro Com toda terra adubada que juntamos. O mundo talvez mudasse de repente Com nossa terra adubada de vivências comuns.

PARA TENENTE LEONARDO MACHADO DE LACERDA (Tragédia em boate: Tenente carioca morre após salvar colega e tentar resgatar menina)

Você não para, rapaz? - É preciso ir lá. Mas quantos já salvaste? - Perdi a conta. Então, fica, respira. - Ficar não conta. E lá foi lá foi à pira. Amava o que fazia. Sem medo da perda que haveria. Da festa a que faltaria de sua amiga em flor. Das piadas que não mais diria. Das dores que embora em sangue nos enchem a vida vazia. Do amor ferido que eleva o ser embora ao peito dolorido. Não veria mais aquele rosto, aquelas pernas, aquela cintura, aquelas flores, aquelas pinturas, aquele cachorro de olhar humano, aquele livro, site de cultura. Vejam, ele entra na boate e traz uma vítima. Volta logo e traz uma outra e mais outra. Salvar outro e mais outro nunca é demais. Um amigo grita, ele vai e o traz. Só não consegue salvar uma menina. O fio de sua vida se desfaz. Tinha planejado, quiçá, um passeio de norte a sul do Brasil. Queria sentir mais chuvas. Queria sentir mais ventos. Queria muito mais momentos. Abrir uma velha carta de amor. Um velho retrato da primeira... Ouvir mais um so

FAÇANHA DOS OSSOS

Faço a façanha e a forço E o aço do verbo assanha À faca farsas que acosso Em gramática agnóstica. Faço a façanha e adoço As entranhas pernósticas De grácil verboso troço Que vira incerteza exótica Da qual extraio os ossos E os ponho no papel.

ENGENHARIAS

Engenharias Não exigem arrancos De emoções Nos verbais cantos. Os lápis se perdem De montar metais Nas redondas retinas Racionais. Espremidas as flo(letras) Entre parafusos No tabuleiro das letras De esquadro concreto.

SIGNO SOL GIRASSOL

No signo sanguíneo, A espada do dia. Na coroa de rosas, Espinhos noticiários. No espaço da massa/papel, Curvado o verbo em babéis. No oceano/tempo da letra, O salto do novo Ícaro. Na linha do corvo/sol,  O girassol sobre o abismo.

A BARATA COMO SOÍA

Quando ela queria me matar, disse pra ela não fazer isso. Assassina baratinha em cima da pele. Quando ela queria matar, era apenas para conseguir-me o amor, puro e total, a partir da pele em que passeava. O esforço para entendê-la era tão quente como raios de sol nas telhas, e explodia a cada palavra minha, pois talvez eu não visse, após tanto tempo, seu contorno bom de barata como soía.

VÔMITO

Os celestes nunca beberam tanto. Quando vomitaram sobre nós, Aqueles carros enfileirados viraram papel. Cheguei a ver barrigas grávidas E fetos com mascaras de mergulho.

E SE EU FICASSE

E se eu ficasse no útero? E se eu não me escrevesse? E se não vestisse a face? E se não me colocasse? E se não me escarnecesse? E se não morresse a tempo? E se resolvesse a insônia? E se desse céus ao cão? E se faltasse ao desterro? E se este vão me calasse?

CU DE FORMIGA

Rangel meu professor falou da geometria das formigas. Antes de eu ler sobre em Manoel. Manoel de Barros disse das emoções contidas num cu de formiga. Uma quantidade grande de emoções. Um cu de formiga é como um coração? Vamos dizer que chovessem cus de formigas. A economia de um país seria salva. Os amores se reatariam. O Teatro seria dos simples. A Literatura não faria Reis Nem a Política. As guerras terminariam. Os terremotos virariam arrotos. Se chovessem, claro.

INFINDOS PILARES (reelaborado...)

Mulheres - Ambros, Lúcias, Nísias, Simones de bom voar, Jades, Giovannas, Márcias, Cibellys, Cidas, Eloás, Marias, Morganas, Quelis, Jordanas, Ângelas, Zilás, Lucianas, várias Elis, Patrícias, Chantais, Resedás, Cássias, Lilians, Liliens, Iaras, Sandras, Regiás, Katias, Margaretes, Cléas, Vidas, Selmas, Tiliás, Anas, Patrícias, Marianas, Elianas, muito mais Mulheres que estão além, Suficientes para encher Mil dias da Mulher e muito mais. Mulheres de infindos pilares, A lutar amar sofrer Neste e em outros tempos, Preparando amanhãs, Belas, feias, baixas, altas, pobres, ricas, E, embora tão diversas, Pegam armas, vão à guerra, Ganhando os dias, suando De fervor em cada poro, Com firmes tons nos olhares, Música nas expressões Maternais, filiais, fraternas, Atravessando espaço e tempo Para o evoluir dos homens Além das adjacências. Já falei de Nísia? Ou não? Aquela que ousou tirar A agulha dos dedos do Império E desatrelou o espartilho Que desfigurava cérebros? Depois eu falo então...Ag

O SABOR INCLEMENTE DO VERBO

De meu verbo não tenho piedade, Vou soltando-o sem força e o tenho Ao longe em inteira liberdade, Enquanto fico olhando a tez do tempo. Não quero verbos que homens bem prendem Em suas religiões, filosofias. Mas sim os que às gramas reverdecem Com belo vôo em instáveis linhas.

PORTA EMPERRADA

Tanto empurrei a porta, que a travei. Tanto fiz na janela, que arriou. O leite que não quis bem derramei. E por negar o arco, derramou A seta todo o sangue que guardei. Dei amor ao tempo, que findou, Muito abracei o algoz de meus enganos, Beleza apareceu mas não ficou, O tempo botou traças em meus planos E, sem sincronismo, a mente gaguejou. A porta emperrou neste caminho. Mas já decidi. Vou detoná-la, Seja embora o poeta ser franzino, E o outono embranqueça a torpe fala, Mijando, esclerosado, e fale fino.

O HOMEM É O HOMEM

O homem? Pó de cocaína Junto ao narigão do demo, Que cutuca o mundo e geme Despertando céus efêmeros. O homem guarda esperanças Contra verdades que empestam. E inventa passos, danças, Com a ânsia que o atesta. O homem mede o ser em desmedida, E querendo mais possuir se faz feroz, Quanto mais possui mais excita Vontades de ter sempre maior voz. Somente a obra em paradoxo Levanta a humana alma arriada, Mas na vastidão plena do Cosmos Sempre será pó, brisa, mais nada.

CAPTAR SACRO

Precipito-me no abismo de teus círculos, que tateio ante o vidro absoluto dos olhos. Abalar dentro a rosa profana ao estalo dos teus montes, e apurá-los no amor da língua. Assim, captar o amor, sacralizando-o. Assim, pervertermo-nos, clarificando-nos.

SANTA POESIA(inspirado na oração pra S.Jorge)

Eu andarei desvestido e desarmado com Santa Poesia, para que meus plagiadores, tendo embora fôlego, não me alcancem, tendo dedos, não me ceguem, tendo distância, não me cuspam, e nem em grupos literários excludentes eles possam me fazer mal. Críticas egocêntricas de fogo o meu espírito não alcançarão, que as mãos dos escribinvejosos se quebrem sem o meu verso tocar, poemas frouxos se arrebentem sem a minha obra simular. Santa Poesia, me proteja e me defenda com o poder de seu santo e divino delírio, me cubra com o seu manto desesperado, dando primor estético a todas as minhas dores e aflições, e Apolo, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e deformações em meus escritos. Santa Poesia, estenda-me o seu desescudo e as suas poderosas desarmas, defendendo-me com a grandeza dos grafemas, e que debaixo das patas de sua fiel quimera meus plagiadores sejam esmagados a poder de letras. Assim seja com o poder de criar a partir da