Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2013

ANDOU ENTRE NÓS

Depois de cortar as asas, andou entre os homens. Cortou-as, com dor, pois dor se permitia. O pó ficou nos dedos, ele voou-se no elo que o fez ver nuvens sem camisola. Desceu pra terra, escorregando em arco. Ao colidir com avi- ão, caiu no chão. Atravessou a rua Com fome e fuselagem. Do outro lado, duas palavras viu. Pegou-as e devolveu-as ao silente próximo deficiente de palavra. Depois voltou ao ponto de origem. Tirou do seu sangue pedaços sonolentos de meteoro e deu-os aos pássaros dos beirais. Estes os ancestrais dos nefelibatas.

CHORO AZUL

As ruínas marcam os pés, sustentam a tarde não sem horas de ossos tensos, não sem dores sonolentas, não sem chorosa desavença.  A cal que desprendem cega o muro que eu fôra. É que a chuva cai por dentro, perfurando o agouro das paredes e tetos e chão, mergulhado pela onda úmida do choro azul.

OBRIGADO POR LUTAR POR MIM

Desde que nasci de novo quando olhei os teus olhos. Desde que renovei o nascimento do universo ao ligar-me a ti. Obrigado por lutar por mim. Desde que nasceram nossos rebentos como jardins a florescer amores. Desde que, orgulhoso, me achei o senhor de uma guerra inexistente. Obrigado por lutar por mim. Desde que, no vencer das batalhas, me recuperaste o aço das espadas com as quais golpeei os azares. Desde que, ferido, me levaste nos seus braços. Desde que, cruel, despedacei dias escancarados mas inocentes. Obrigado por lutar por mim. Desde que, sedento, corri os campos com alegria despropositada. Desde que, de cascos chafurdados na lama das manhãs de chuva, rompi os limites da velocidade e mordida. Desde que, de crinas ensebadas pelo tempo penumbroso, ousei me sentir belo como a grama dos mitos. Obrigado por lutar por mim. Desde que, ostentando nossas pedras preciosas, levei-as para o brilho das praças. Desde que, pegando-a nos braços, enfrentei a dança silente, aos as