Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2014

LEMBRAS DO DAS FERIDAS

Você é um mau político. Ou não. É só estender a compaixão, essa a lição. Tua cabeça na bíblia de bandeja. Escaras, velho, tenho de muito aqui ficar esperando a palavra vir fazer xixi. Sim, a alma tem escaras, existem escaras que partem a alma por ausência de palavras, mesmo baratas. Mas não finja que nada aconteceu. Só tu e eu sabemos que baleaste A comunidade. Lembras: o homem das feridas? Passa o padreco, não liga. Passa o levita, nem aí. Um samaritano porém deu ataduras E serviu azeite e vinho às feridas. Não chegou nenhum aqui. Tu és um político? Ou não?

O AMIGO E O POETA MORTO

Uma coincidência entre o grande amigo e o poeta saltador. Quando o amigo salta e fica a dor amara. Foi assim com Léo. Léo Só. Só Léo. Solau para Só Léo. Sim, salta, o amigo salta. É quando a poesia dói Como um pássaro incriado Embora cante seu canto triste Como um sol com estrias de escuro, Como a força irritada De um pé de mandacaru. Como não morreu na memória, A dor corre diluída. Uma dor que toca quando o tempo sopra. Dor de música silente. Que limpa a gente.

DENTRO NA VIDRAÇA

Dentro de mim A alma De nariz grudado Na vidraça. Minhas horas são solitárias. Pugilista do êxtase que dá o nada. Mistério na vida e na morte. Multiuniversos no tudo esburacado. Uma caminhonete devagar. Em atropelo. Um cachorro gastando cinquenta reais. Um pneu, uma câmara, um pedal, só. Um cachorro vale mais que um homem. A caminhonete bate e vira flor de ar.

BATE PRO GOL

A brecha da mente nunca se abre. Botinas de biqueira de aço nela. Expelir a raiva inexplicável. Quebro a cabeça Tentando entender o jogo Do Pequeno contra o Grande, Jogam desde o Paleolítico Seus palitinhos, Impelidos por quereres. Serei pequeníssimo Ou um grandessíssimo p.f.d.p.? As notícias estão sendo veiculadas. Simpsons: 2 pra Alemanha. Em tudo, há um orgulho. Orgulho de ser humano, Ter manha. Tamanho. Lei da vantagem. Vendagem. A tropa se vende Para os elípticos etílicos. Além. Quem tem sonhos? - Eu. Quem está empenhado Em ser feliz sem olhar pro lado? Bate pro gol.  E se bater na treva ou na trave? O escritor olha a lua como uma bola fora do campo ou com colarinho alegre de chopp selênico. Claro, se terminar bem, valeu. A vida está besta. Cesto de lixo pra receita de verso. Diverso penso meus luares.

VOU SER SEU AMIGO

O escritor ridente. Ri pra si mesmo. Fuça no próprio pasmo. Tomou um remédio. E vai mijando ele durante todo o dia. Vanitas. Vanitas. Registra a si mesmo Eloquentemente. Loquaz, alma sem dente. Faz citações em latim. Fala palavrão como convém À turma do destempero Contemporizador. Estou pronto a roubar o escritor. Ele é bom. Ele é mau. Senta com os bons. Cospe como os maus. Com os bombons. Vou roubá-lo. Urinou em torno da cadeira. Pediu um chopp. Veio uma cerveja. Marca - Flor-De-Sade. Não, roubar é pouco. Vou aparar suas perninhas curtas. Madeiras em sua mente? lascadas. Versos em caixotes plásticos. Papa concursos por competência. Embora o nojo de concorrer. Não, aparar-lhe as perninhas é pouco. Vou ser seu amigo. E meu.

MÃOS DIGITAIS

Gostaria de agradecer mas desagradeço desde já a vida do jeito que está demasiado quântica com calamidades e coisas que tais sem efeitos nas causas com políticos sem noção do bem e desigual noção do mal gostaria de agradecer os cientistas que inventaram tecnologias que me impedem de pensar diverso mas não tenho tempo aqui de frente deste computador que deu pau ontem e no próximo minuto pode me dar uma paulada e me deixar atordoado sem as mãos de afago da tecnologia, deusa que masturbo mal começa o dia...mentira

PAI CAVALEIRO DA TRISTE FIGURA reelaborado do original em 28 de abril de 2012

Naquele dia, pegou a armadura, vestiu-a, arrastou a besta, a lança, o estandarte, a espada branca e foi à guerra com sua montaria de guerra 67 marca chevromed. Não levara nada no vento além da rouquidão de seu motor para outra conquista dos SR. Costumava erguer seu espírito de aço numa espada forjada em duros tempos quando os primeiros Andantes voavam com seus carros xexelentos. Queria seu filho moldado na guerra pois só entendia o sangue da luta e a bandeira da tribo que estava empoada. Um dia, ele voltou da batalha com dúzias de crânios num colar e viu seu filho com os moinhos de vento. Para o pai, o filho abismecera, e fez-se dele então Juiz-Demônio. Julgando o próprio filho, não percebera o cinzento cão que o consumia. Crucificando o seu rebento, seus pés e mãos sangravam os carvalhos antigos. O pai morreu com febre dormente. Mas o filho guardara de outros tempos um pedaço do aço de alma do próprio pai semeado em cordel de cavalaria onde encontraria a primeira lâmina que usaria

CABE A TI

Me puseram na bicicleta. Havia uma ladeira íngreme. Quando me empurraram, voei. Senti o vento solidário sobre o rosto. Senti o bem que me queriam. Quatro costelas quebradas, Doendo menos que a dor do amor Que com suas tempestades Deixa cidades de ego derrubadas. Segunda vez, prestenção: Me puseram na bicicleta. A ladeira mais inclinada. Havia restos pela estrada. Carnes de Guerra, podres, Línguas estendidas, castas Cinzas esculpindagonias. Tive de abrir a mata escura, Envelope nalma de meu pai. Terceira vez: cabe a ti, leitor, Recolocar-me, por favor .

O HOMEM SEM MIOLOS

O homem sem miolos dissimulou mordidas nos campos de seu medo.  Chegou a casa. Comeu o retrato do pão com pasta de fígado e coçou o pescoço sem moldura. A família em quadros antigos testemunhou o desfile das suas batatas no livro de receitas,  enquanto quase sem medo lambeu seu velho revólver caramelado que se desfazia desenhado na toalha da mesa.

VENHAM POIS MOLHADA A ROLHA

Que venham brancos, rosés, Tintos ou bem espumantes, Quero a lua pra beber, Venha nua, esfuziante! Venham às minhas gustativas Papilas extasiantes, Que de tanto desejar-te Musa, vai ficando arfante. Tragam-me massas, carnes, versos anchos, Ao canto leste desta mesa lauta, Frutos do mar, peixinhos, vinho branco, Algas fresquinhas, pois a fome assalta! Não quero as vinhas sob o frio intenso, Quero entre trinta e quarenta graus As minhas vinhas ao sabor dos ventos, Para apurar o aroma especial. Que se abram vinhos sem tirar as rolhas, Que deixem rolhas ficar dentro um pouco, A que respirem bem e não se colha Ruim sabor por lhes tirar a rolha! Se tiver borra, se decante um tempo, Para se ter bastante aeração... Não falei porra, ó de ouvidos lentos, E não entenda, acima, ereção, Pois todos sabem que esses bons efeitos Pedem o leito em mádido tesão. Tragam as taças, que a garganta estreita, Não quero a rolha ressecada, não!

CONDENADOS

Há formigas nas orelhas dos cães, e deuses condenados escorrendo, criminosos a calcar corpos, lançando filhos das janelas, tudo isso é prova das nuances dos deuses ao qual sentenciaram no oco do mundo, na alma em curvas do Homem blasfemador desde o início.

FALTA DE PROTEÇÃO AOS DA LAJE

Imóvel observo e salivo de mãos redigindo melosas pois ela acordou imóvel em cima da laje de bandas macias sobre a bandeja de onde salta uma gota ardente no suor salso de salamar O desejo móvel do poeta sempre foi buscar o som da luz mas não a esperava em cima da laje ensurdecendo olhos incandescentes e penetrando nos poros da visão Vejo os raios sobre suas espáduas, o suor deslizante em seus vales sua sensualidade ao vento do pensar e já são dois: o vento e o sol a desfrutar o frescor das ilhas Ela se vira e sua planície aprazível, solicitando exploração, recebe  dos jardins próximos inveja a toda flor e seus mamilos cerejas pra ponta do sol atentam nuvens sonsas, qual um  violar de pintura sobre tela (HÁ FALTA DE PROTEÇÃO AOS OLHOS)

AMAR SEM TRA-LA-LÁ

Vem o amor com certezas, Bate em portas com tesão, Sangrando seus mitos gregos. Mascando sem dó seu pão, Com muita libido sôfrega Em mil crostas de paixão. A canção que ele escreve Não cabe toda no afã Dos desejos confessáveis Nem sequer pode a divã. Não precisa ser recíproco O seu mergulho quântico. Assim o amor dispensando Os braços de canto em fá. Que não esteja em conforto, Isso pouco se lhe dá, Ele a tudo com seu fado Suporta, sem tralalá. A flor que ele abre: benção Dos atritos que o aferventam Tem seu perfume envolvendo O tempo com cargas densas De fervor, com seus imóveis E móveis gestos apensos. (Dizem que o amor aos domingos Com a família em volta à mesa Vez em quando imita missas Pra ter de Deus vista acesa Que por ser Velho seduz-se De cupidos na afoiteza.)

GANGORRA ERETOERÓTICA

Meu sentido, amor, é: primeiro, ter a faca na língua e cortar-te os sonhos ruins com boca afiada de desejos-lâmina, um teste certo de errar valores antigos. Meu sentido é ser curvas na praça de teu corpo. E tecer discursos em teu coreto com gritos de animal, c om conteúdos de odor para faros múltiplos. Quero que este errado seja ouvido por certo, e mostre o nem sempre exato amor. Segundo: m eu cerzir é aplausos ao drama de teu púbis amantíssimo. Forma verdades de amor no umbigo do teu ser, como macarrão de domingo no almoço. E brinca de gangorra em carne eretoerótica como churrasco com cupim sangrando.

CONTAMINADO

Este corpo que eu afirmo e que me nega, deitado numa calçada  com jardim á vista, é a única coisa que me faz lembrar de ti, e eu sei que você sabe que quando estou saudável sou tão forte que carrego estrelas, esfarelo montanhas, amasso aviões como latinhas, e você decerto lembra de quando eu dominei teu pai e irmãos com o amor que eu sentia por você; em verdade os contagiei com esse vírus afetivo que quase os levou à bancarrota, fazendo-os doar tudo que tinham a todas as mulheres que os fascinavam. Pois neste corpo carrego a alma em oração, co ntaminada pelo maior amor do mundo.  

ÓPIO DO TEMPO

Aos poucos, cessa o tic-tac e O real escurece: Dependurado, o tempo, Fato, feto em plasma. Sangras? Onde sairão as fotos Que tua vida consumiu? Na página, arriscam Sarcasmos a teu ralo defunto? Por teu vivido preconceito Desnivelam manchetes. Fotógrafos aspiram fotos tuas Como ópio de ampulhetas. Que fazer, se teu rosto morto Serve a manipulações?

DESARMAS

Eu andarei desvestido e desarmado com as desarmas da Santa Poesia, para que meus plagiadores, tendo embora fôlego, não me alcancem, tendo dedos, não me ceguem, tendo distância, não me cuspam, e nem em grupos literários excludentes eles possam me fazer mal. Críticas egocêntricas de fogo o meu espírito não alcançarão, que as mãos dos escribinvejosos se quebrem sem o meu verso tocar, poemas frouxos se arrebentem sem a minha obra simular. Santa Poesia, me proteja e me defenda com o poder de seu santo e divino delírio, me cubra com o seu manto desesperado, dando primor estético a todas as minhas dores e aflições, e Apolo, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e deformações em meus escritos. Santa Poesia, estenda-me o seu desescudo e as suas poderosas desarmas, defendendo-me com a grandeza dos grafemas, e que debaixo das patas de sua fiel quimera meus plagiadores sejam esmagados a poder de letras. Assim seja com o poder de criar a partir da aus

ARROZ, FEIJÃO E BIFE

Não falou da importância do arroz e feijão e bife aquele filósofo importante e arroz, feijão e bife têm uma relevância fundamental para a construção de preguiça boa, dependente de arroz, feijão e bife. Nem aquele religioso falou de arroz, feijão e bife, a seus fiéis carentes de bife, feijão e arroz. Tampouco aquele Juíz em meio à sentença reparou no que o réu dissera sobre arroz, feijão e bife. O operário apenas ficou esperando a chegada do horário de mastigar o bife, comer o arroz junto com o feijão. Um dia, o empresário nota dez que desapropriou mais de dez pensou no arroz, feijão e bife, mas foi há muito tempo, quando nem um chato tinha no seu saco pra fazer  um lanche, quando sua mãe chegava do Hospital onde trabalhava como servente e roubava o que sobrava nos pratos onde havia arroz, feijão e bife.

COMO BRINQUEDOS

Aquela pomba é como fosse um poema assassinado. Aquele espírito santo sob o frio da rua forma pedras. Morremos todos os dias sangrando a urbe. Por isso, falo da nossa morte comum no ônibus. Na cidade, as frutas vão ficando pretas, esfumaçadas. Ninguém ama a cidade co'a voracidade necessária. Todos os dias,  frutas e drogas na garganta dos perdidos. Os anjos saem da cidade como brinquedos. Cortam as asas.

PERDA DE OSSOS

O teto o tato o incerto o cato eis que é perto o opaco da ideia ao fato O fato é o feto que invade o veto e é o intimorato da falácia aberta O mito o meto ao que atrasa o traço e é o fim que é mato pra quem perde os ossos

DE(US)DO

Quando traçado o verbo errado, desconstruiu a oração. Um verbo insubordinado foi punido. Por engano. Quando pousou os dedos não percebeu que o verbo era oraçófago. Parecia normal como um psicopata o verbo. Parecia ter nascido entre sujeitos de bons predicados. Era admirado nos jardins da sintaxe clássica. Singrava poemas antigos com exímios particípios e gerúndios. Mas desconstruiu. Por revolta contra o risco de um de(us)do.

NO MAR DA ALMA

Pele raspa e despe alma tece e guarda pele arde e fere alma desce e alarga Pele cospe e adere alma esquece e lasca pele finca e é verve alma ferve e enfada Pele tosse e serve alma inverte a toada pele fica e é breve alma é astro e nada

FENDENDO SOBRE

Sob o ser tremendo, Molhas, atrelando As trilhas do efêmero Ao destino ilhado. Lá de trás as falhas, Folhas sob ventos, Olhos estraçalham Peles desprendendo. E o poeta emenda Traços, troços idos, Sem pôr alma à venda, E vai escorrendo, Sem expor conceitos, Poemas fendendo.

ZÉ PEQUENO NÃO, MEU NOME É ZEUS

Um pouco ao longe, Leda Toma o suco da Jurema, Pós flutuam nas veredas Lá pros lados de Itapema. Soam de guitarra acordes, Pegas a moto possante E a teu ventre encolhes Com muita fita isolante. Em velocidade insana, Espalhas lama aos passantes E aos bravos dás  bananas. Passas motéis n um instante, Raptas Leda, pois grana Há pra gozos incessantes.

Dentes de Iceberg

Sonhei.... O casco era frágil ante o iceberg imprevisto Sem o sabermos. Os brindes que fizemos sobre a mesa Não previram os rangentes dentes do iceberg. Minha alma ficou no fundo como um sorvete inchado. As gavetas com corais - beliches de peixes. O amor gelou com línguas verdes de musgo. Só eu ouço sereias com casacos de pele. Pena...

NÃO SEI SE O SACI ERA CUCA

Falar-te-ia coisas dos mitos se estivesses disposta a me ouvir. Falar-te-ia dos que saíram  Pra passear no Olimpo. De Atena, José, João, Epimeteu, Prometeu, Saci, Hera, Cuca. Não sei se o saci era Cuca e fazia michê. Sei dos mitos que Foram destronados. Sim, os mitos que eram principais. Hoje, estão no cais. Bagrinhos todos os titãs. Suas esposas são mortais. Têm alguns pesos nas costas. Um tem dezessete cicatrizes. Outro foi preso vinte vezes. Até criou varizes. Aqueloutro se virava na noite E pegava garotos de fre(n)te. Aquelas deusas no entanto São bastante aguerridas E gostam de lutar por direitos Que antes desprezavam Em nome da cultura de Atlântida. Falar-te-ia mas os valores prendem Fígado e águias e garças tristes A poemas inviáveis para leitores De almas analfabetas de afeto.

PRETENSÃO POR FLORBELA ESPANCA

Meus olhos nadando ante as pétalas Florbelas-de-Eternos-Jardins. Vejo-a no início da semana antiga, alma viçosa, lutando, combatendo, num trabalho de 8 horas. Revejo-a no café, cabelos sujos do pó da cidade arcaica. Escreve num papel, na mesa, num pano, coisas de mágoa. Arrisca. Faz luas com asas de sol, início e fim. Tem os olhos tão vivos. Tão. A vida sempre é nova e velha quando aparece de rosto triste, no livro puído, em cismares . Foi punida com a dor incerta e eu com dez/crenças certas. Nos desencontramos. Eis que vaga um fado e ela me olha de longe, atravessando o tempo, chorando um desencontro irremediável.

MARCA PESSOAL

Um poeta persegue sua marca pessoal como um cão. Vai assim buscando o próprio rabo. Eu nasci curto. Corro mais difícil. Por vezes, revolvo sobre mim. Por vezes, sou asséptico. Por vezes, sou cético, ético, moral. Mas sempre acredito, ao final, Que alcançarei o mistério.... Do que mesmo?

PEDAÇOS DO CORPO DE BRAM STOKER

Quanto aos tremores, são decorrentes da violência do campo de leitura, embora haja quem julgue que o amor de sangue entre os olhos e o papel venha do começo da vinha úmida da paixão, dentro do campo de Adão e Lilith. Um assalto seguido de morte perto do Lorena, um homem bate com o violão no ouvido direito de um sátiro. Em dois minutos o sol está pra lançar seu abraço mais caloroso, um garoto de moto amassa a paz de um poste, diluindo seu velho amarelo de luz amarfanhada no vermelho do Éden, enquanto uma van falsa da EletroPau rouba um prédio inteiro. Um pastor marca um encontro com uma criança num shopping, mostrando as asas em carne do desejo que sempre voa num céu reto que se curva por entre moscas e incisivos de um contemporâneo Vlad Stoker que a primeira leitura plantou entre vivos pedaços do corpo de Deus.

BEIJAR FODER AMOR

Sem dor, como afiar  setenta vezes sete lâminas de afeto? Como confessar  no Templo do Logos/Vida? Sem dor, como sorrir,  cantar, ser feliz? Sem dor,  como navegar no ar  com os mitos? Como remar o verbo  no barco azul  do sol e da lua? Sem dor, como comer,  beijar, foder Amor?

MOSQUITOS MORIBUNDOS AO MAR

Que eu seja miniatura e posto seja em folha orvalhada que voeje ao vento no tempo e que eu seja levado para o mar doce de além do sonho aquele meteoro encostado na alma só Que insetos mosquitos moribundos me guardem até o mar e ao chegar se atirem nas espumas brancas como o lençol da escuridão Que eu seja lido como uma ferida por um menino verde como eu fui com vida eterna e tudo

JÁ FEITO

O poema já foi feito com cordames secos o navio calafetado de medos as velas robustas se rasgam as sereias se despenteiam Ligando a TV veio o azul a conta não foi paga tempo demais no banheiro pilulas para acelerar o metabolismo O mar resta encapelado as espumas com seu bafo de conchas o espelho rezando aos dentes o poema já foi desfeito O vizinho trancado na brisa as chaves no palácio o tempo está moderado o cachorro liberto em fuga a sede o fará voltar em miniatura

CHEIRO DE FEBRE E UIVO

A face de mim que te espreme A partir da noite De uva de dentro de tua pele A face de mim que se expande A face de mim que te trai com o luar E a que tem força de mangue A face de mim tua carne A face de mim teu gozo Na face da face da face A face que a morte deslancha Sabedora amarga de tudo O cheiro que fica de tua febre e uivo Uso mortal pra asfaltar desejos