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Mostrando postagens de abril, 2015

SEQUER EXISTE

Quem há de doar Ao ser, quem arde Há de imensos fachos dar À sua ferocidade? Sem dó do ser ferido, Imerso em furna antiga! Sem dó do ser movente E seu barco á deriva! Quem há de Apagar-me o mito Para libertar-me disto Que em si sequer existe?

FODES LEDA

Em halo de anjo, Flora Enamora-se de Fauna, Tangendo cérebros. Disfarçando-te num cisne, Pegas o poema sem mérito E chamas ela, mofino. Leda, fluindo, vem, tão jovem, Nadando ao teu ser, de cismas Em fervura, onde chovem Poéticas na pica. E fodes Leda, embora mudem Várias rugas teu semblante E à cintura pneus chutem O escroto que dessangra.

LENDO CUBATÂO

Cubatão, atenta E deixa eu ler-te o imberbe rosto… Leio pelas linhas de tua pele Lutas desde o salso dos sambaquis Sob odores de jacatirões, ipês, bananas, Jacas, mexericas, e outros perfumes, Como bem cantou Afonso, Ao bem louvar-te fauna e flora. Na linha do queixo, leio o doce fluxo De rios, serras e mangues, Onde ágeis pirralhos brincam Ante a recatada sensualidade De moças lavadeiras de cócoras Engrossando as coxas no dobrar do corpo, Pitos acesos nos cantos dos lábios. Rios que Em timidez e fluência, Mais corriam, pintando claros, Por artes de tara fluvial. Em teu pescoço, leio a artéria verde Das infindas trilhas por onde Ramalho Martim, Tibiriçá, e outros andaram, Subindo o Planalto, em ingente caça Aos Tupinambás, naturais das selvas. Aqui, apertados de sede e fome, Viajantes massageavam os calos Trançados mais na alma que no corpo, E, ao canto da saparia, dormiam, Barros seus corpos de alma vegetal, Como a posar pra Jean Luciano, O pintor de Afonso passado e futuro. Em teu

12 HAIKAIS

passo perto atalho a linha parto o traço se espalho, divido, se me espalham, devido? carrego dentro de mim no nascer que me escapou o dia de onde vim a vida é um poço torço pra subir.... é osso depois da brasa, a brisa abre asas no largo do sapo, um barqueiro rema sem dar trela a papo no cemitério israelita, um cachorro cheira a libélula esquisita no cruzeiro, diligentes pioneiros descansam em azulejos, silentes na biblioteca as traças leem, desempregadas sambaquis lembram caldeiradas, prantos, samba, morte, lá e aqui na light, perfeitas pra um chá inglês as borboletas leal leon ardo de judiar sons nos ossos

10 HAIKAIS

o lobo lambe a lua toda pra gozo do lago faço uma permuta : teus sonhos coloridos pelos que molho em cicuta fácil julgar as trevas com luz que cega o olhar noite quente : no frio dalma corpo fervente ao si-mesmo por vezes se chega a esmo embora velha, não morre a mentira, a verdade que o diga por vezes o leva o vento mas não há fora pior que o de dentro aves através de travesso canto vês, avesso e grave de vazios me encho, logo aviso ruínas, tatus jesuítas rezam

oito HAIKAIS

na casa, sem trampo, mosca xaveca o pirilampo alourados dreadlocks... trigos dourados? mal o corpo sai, logo a alma atrás... grudados demais... cai a meio o cigarro por teus seios... beijou o sapo, foi-se a boca de princesa partiu calma, anoiteceu o dia na alma minha lápide está pronta : aqui morreu o que já não se encontra logo chegará o amanhecer, me achará etéreo em lençol de ébano

15 HAIKAIS

passa o trem... a palavra vai mas o som não vem por que ir ao fim? minha sombra ganhou a corrida por mim bem sei que me lasco mexendo a brasa de morto churrasco garoto de rua mija num canto espelhos pra lua raul era luar quando amava a noite de cabeça pra baixo a noite repete o antigo feitiço e quase todos dormem... ....imune, escrevo isso... saci pererê padece... no INSS... engraçadas rugas, que o retrato prende e o tempo muda esvoaça a vida, esvoaça a morte, o voo é o que fica defronte ao paço, se tu não passas,, dói-me olho e espaço.. pardal antigo no chafariz.. sem abrigo... o fato me fez enquanto via-lhe a nudez se em cena cresce, a loucura tece sua moldura as cabeças lá há muito tempo... quem as recolherá? atrizes : belas metamorfoses... palmas pra elas!

seis HAIKAIS

o sonho está seguro, o claro dormiu no canto do escuro beijou o instante... mas o tempo seguiu adiante.... Sei que a morte vem, vem e molha a vida, qual chuva de vento... Há ordem no centro, pois, a vida gera certo caos por dentro. Se és máscara, tu és que não és? moderno desafio: pisar duas vezes no mesmo rio

cinco HAIKAIS

em tédio, diz o haikai ao sapo e ao vagalume : passai, passai, passai! ao rosto da vidraça o vento acarinha, seduz e passa se há tanta certeza por que a dúvida põe a mesa? PENSA ERGO CAI existe e tropeça, logo cai o ódio é apenas um lado afetivo de um dado viciado