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Mostrando postagens de maio, 2015

MÃOS E PERNAS

mãos sobre cabelos pernas sobre poltronas risos ecoam úteis inutilidades discutem-se ficções uma leve careta como um carteado antigo jovens voam na sala jovens com olhos acendendo fraquezas de morcegos velhos como nós daqui a pouco, verão "AS VERDADES SOBRE O AMOR" depois pipoca ensaio dos pardais conectados hospedando-se nos galhos da noite

A NOITE ESTÁ PARA

a noite está para dinossauros um pirilampo seduz o poste da esquina quase entra no nariz da câmera a noite está para dinossauros carros trafegam nos nossos pulsos desajuste da luz a noite está para dinossauros uma morte dentro de um sonho é preciso trocar a lente tudo é meio proterozoico nos olhos os gestos fluem em noturnidades cai claquete por artes do vento

POÇO TEMPORAL II

a cesura de sempre ficar aqui interrompido o nascer a argúcia de sempre partir triste sentido a finura de sempre regar o sol amando existindo rompendo sempre o ovo voando o voo ovulando a candura de sempre fingir a brisa sonhando não ter mais a amargura da felicidade em pausa a tortura de sempre migrar pra perto das idéias cegas a astúcia de sempre mudar e permanecer o pé da frente atrás a tonsura no crânio do temporal  inquieto em mim fendendo sempre indo e vindo circulando o poço da pele secando

UM CORPO ÁVIDO

um corpo grávido guarda na ave- útero seu ovo ávido, depois o quebra ao vôo da vida aí o ser invade por carência o espaço do coração do outro - um mundo - e não é demasiado tarde para pintar ou atuar ou musicar o inabalável fluir

ONDE B

Meu bonde não passou. Esperei-o. Mas estava em outro século. Dormindo na memória do tempo. Não o bonde comum. Não o dos quadrinhos. O do filme. A metáfora é maior. Uma casa talvez. Um carrinho talvez. O olhar azul de um céu pra todos. A face lisa da água em todo ser. É isso. Não aquele onde B.

OUTRA VEZ

o espelho outra vez sempre falador falando o que já sei apressando para a corrida do tempo sem espaço entre duas sombran- selhas de lavar o tempo à sombra

PEIXE QUE PULOU

Todos se movimentam o espaço é disputado a voz em rouquidão as marchas são vorazes os pensares em pus fazem poças na estrada parte da política escorregar no peixe que pulou fora

Ir ao Subterrâneo

Ir ao subterrâneo e encontrar cores que rejeitei, aquela máquina enferrujada de fazer churros, aquela namorada que criei sem querer, usando a solidão como sua matéria-prima Lá deixei céus enrolados nos olhos de Maria, podem ficar lá com os gramofones envoltos em desbotados azuis Lá infernos rezam fogaréus imensos pelas bombas que estouram aqui, dentro da gente Preciso encontrar as cores e desmanchá-las em ti, onde as bombas começam

Deixem-me Flutuar

Deixem-me flutuar nas ondas que não desenhei, no quadro onde o mar reina com sua anatomia verde-azul Que meus sonhos não se percam de todo, que haja reinos pra conquistar na carne do futuro Deixem-me na espera com águas vivas sob as axilas, o céu a se juntar ao mar nos becos ignorados de Babilônia Que eu flutue até a brecha do som primeiro no início do nada

Inexistência do Unicórnio

Como esquecer teu cérebro maculado os pensamentos dos teus ossos teus olhos de açafrão falso teu pescoço de cebolinha marinha as fezes de tuas frases exibidas as figuras de teus dedos ridentes os hieróglifos de tua árvore cifrada Como esquecer o buraco de teus avatares as algas de teus mares arcaicos teu andar de medusa decapitada tua fome e inocência infame  tuas terras abandonadas teus carros sem freio tuas casas afogadas tuas respirações gélidas teus cemitérios com sobrancelhas teus odores de pântanos Quero esquecer teus corvos o amante do qual devoraste o fígado as pólvoras de teus braços fracos as garras de teu passado sem estômago teus cabelos mutantes o comércio de teu sexo estourado  Quero esquecer teus espelhos navegando neles com meu sangue a que sintas teu envelhecimento precoce de górgona pretérita Quero esquecer as matas de tuas junções as tuas abluções no rio da vaidade os teus joelhos quebradiços não p