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Mostrando postagens de janeiro, 2016

DESAPONTO A PONTO

Você diz que me viu naquela ocasião e eu digo que não, usando de meu direito de dizer que naquela ocasião eu navegava em outros mundos de Boécio, e o valor do Tempo era o de sempre dentro de um infinito qualquer Você se desapontou quando pensa que me viu a ponto de acender os pavios de minha fraqueza e as velas de meus navios antigos e eu digo que se assim o fiz foi por ser um pirata incendiário no mar que sou de um tempo simultâneo onde morro e vivo curtos espaços como os nós das tábuas escuras

AO MEU PÓ

Conformado que eu estava com os pombos que todos os dias cutucavam-me os ombros, de frente para o mar bonançoso, mal notei o claro/escuro de minha luz revolta, desde o líquido amniótico, e quando vi, estava tragado pelo destino de nevasca, sabendo-me a biografia, a música, a violenta agitação da alma em procura, e o estrondo de ondas sobre o peito da Literatura, suas palavras de promessa esquiva ao meu pó.

O POEMA JÁ NÃO SABE

O poema já não sabe  se quer ser olhado, apenas vai abrigando  palavras n a mesma  alturinha em procissão, e não sabe do objetivo  que há nelas pois vai colhendo  a esmo  as folhas secas pelo chão, não porque ame as secas  mais que outras que povoam o baixo das árvores, nem porque fira os pés dos versos no espinho da vida e da morte, só vai colhendo as folhas pelo chão e formando  estranhas sintaxes para o escuro das gavetas

MESMÍSSIMA

Às atividades do ser aplicadas, Executadas no momento, Rejeito, para implantar no íntimo Do depois do momento O inimaginável traço De um poema metamórfico, E assim parar de voltar Com a rocha lascada de Sísifo Para uma ítaca de sangue Mesmíssima

CONDENADO

Catava conchas na areia dos olhos. Deixava-os flutuar como barcos Á deriva no canal das retinas. Era como nascer Nas águas de novo. Me fiz perguntas ao quadrado, lendo-me, Enquanto crescia no útero salgado dos dias. E acima das águas disso o Fechar Final do Poema. Me pus sem julgar-me no mar profundo do tempo, Sem verdades prontas. Sangrando-me veias agnósticas. Um punhado de poesia as condenara. Ao círculo do espelho.

É O QUE NÃO É

O viver, minha senhora, é tecer tempo e saber. Cabe o viver numa hora ou avança até morrer. Quando pensamos em tê-lo, foge no espaço a sofrer. A vida é pano que esgarça, se a tecemos com cansaço nos ombros frágeis da alma. Ao tempo morde com força, a esperar nossa febre, silente em seu alvoroço. O viver, minha senhora, sempre amor/ódio bebeu e todo envolvido em chamas consome o que não morreu. Quando pensamos que é nosso, o viver vai-se. F........

DA MARESIA METAFÍSICA

Da maresia metafisica, onde deuses antigos em decadência exercitam sua saudade ontológica Sobre as orlas das ondas, o sangue do último deus ou deusa, do último acordo, braço de espuma, vemos sua garganta de verdades dissolutas, Suas grandes narinas pretensiosas, seus ombros onde carregava o mundo, era grego ou grega, falava/pensava grego, escrevia vidas/contos em grego, dele não falavam as bíblias em grego, ninguém entendia Mendigos gigantes não tem o que comer em seus delírios Um minotauro sorri no rádio, tenta ganhar o seu pão Na esquina uma hetaira, outrora santa, espirala um cigarro Pequenos sátiros comercializam drogas e cantam com palavras de baixo calão Os corruptos, estes, nem se fala disparam cifrões arenosos pelos ânus das alianças Mas as formigas, ah as formigas, estas não param sua faina carregando as folhas, alheias à metafísica deste dia