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Mostrando postagens de maio, 2016

Oferta Farta

Farto Do severo rosto meu Oferto Nas rugas do vento Farto Do amassar do tempo Oferto De comer a fruta Oferta De sonhar o mito Farto Nas costas do espelho Oferto De me olhar sem cenho Farto Àquele Àquilo Disto Oferto Do infarto o susto Farto Ao além-juízo Oferto a vós A voz o vórtice o vértice O hábito 

TRAIÇOEIRO

...Uma cambada de abutres Retalha o país com tudo, Destruindo os direitos Do ativo e aposentado, Soando em votos rangentes Vozes de loucos agentes Com seus pecados rotundos. Corta projetos sociais, Constrói novas morais, Deixando o pobre sem prumo. Com sonhos na alvorada, Que revelam pés, virilhas, Incestos, taras, manias, E a nudez mal castigada De uma Justiça esquisita, É esta cambada cheia De recônditos desejos, Quer a nação despossuída. Vende, mesmo a baixo preço, Seus caros, sagrados, veios. Chovem conselhos de putos, Revoltados dissolutos, Viciado incestuoso, Deputado que quer pobre No seu lugar, sem estudo, Palhaço desmilinguido, Deputado em pleno gozo, Em seu circo financeiro, Senadores de banheira, Motoristas delatores, Politiqueiras beatas, Cafetões e desviados Cheiradores infelizes. A passear pela rampa, Té ator pornô e trouxas, Jogador arrependido E traídas namoradas, Umas moçoilas lesadas, Espiãs, amantes cheias, Ajudantes de cadeia,

NO CERNE

No cerne da ilusão de nossas verdades moles, esquecemos de nos ver em totalidade, e, duramente, nos amamos. Com Máscara de Ferro, nossa hipocrisia sentimental. - Sentimos muito, você sabe que falhou. - Assim, a voz do amigo e da política de circunstância. Nos esvaímos pelas veias carcomidas do sistema eficiente do Deus Hipos (Abaixo para os íntimos). E tudo vai regendo o Mar do Mesmo. Os Precisos continuando a se servir de sua solidariedade momentosa. Os Imprecisos a se espantar com a Poesia Espantosa de cada mínimo. Com a incerteza de cada sentença. Com a ruína de cada tribunal. Oramos ao Girassol com beleza desorelhada e gozamos a Beleza que só nós compreendemos. Nós, os Pretensiosos do Texto Vazio.

Para Amigos

Para o amigo traidor, as flores desta fornalha, feita de verbos em fogo que noutras almas se espalha Já para o amigo que ampara, os ideais deixo, navalha que esculpiu as solidárias flores daquela fornalha

DESABAFO COM GREGÓRIO DE MATOS

No Brasil, a má política é que manda, Desde que Cabral sedento aqui chegou, Índio esperto saltou bem, pulou de banda, Mas a grande maioria se ferrou. Quando veio a família imperial, Veio fasto, roubo e corrupção, E, quando João voltou pra Portugal, Levou todo o ouro da Nação. Hoje temos no Congresso Nacional O espelho da vergonha se estendendo, Alguns juízes procedendo muito mal, Os Estados Unidos se metendo, Do além Gregório grita que é normal Uns de fora e uns de dentro nos fodendo.

VIDA-VIAGEM

Dorme o sol, dorme a lua, dorme o dia, Morre e nasce, acorda bem e bem mais dorme, O Infame bem progride e mais se fia Em ambição e arrogância bem disformes, Se o outro é juvenil, aquele o inveja, E por mal quer mais que a Morte o encove, Desejando, em quadrilha, o que bem seja Que pertença ao outro por ser jovem. Já o Homem que bem tem mais ombridade Guarda ao peito seu u'a melhor vantagem, A de bem amar velhice e mocidade. Vê que o Tempo não nos dá muita vantagem : Faz o jovem logo mais estar arcado, Nesta bela e tão curta vida-viagem.

COMENDO A ÁGUA DO VENTO

Os que me viram delirando não acreditaram no verbo se incendiando, um mito cheio de gasolina interna. Disseram : ele aguenta. Sempre foi assim, as marcas de fogo na pele do ser não têm fim. Desconstruo pra servir o pós-nascimento, castelo arruinado de presenciar textos cruentos. Quero estabelecer esta fala, mas vós sabeis que não falo coisa com coisa, procuro o indizível. E aí o incêndio vem comendo esta água de vento, me infinitando de finitos, agulhas sem verdade.

CHEIRAR O PÓ TEATRAL

Quero ser sempre teatro, Cheirar o pó que levanto. Beber a letra, no ato, Enquanto ator, me focando. Sempre me crio ao perder-me, Zonzo dos meus personagens, E misturando gestuais Desenho-me mil imagens. Mato na voz os silêncios, Nos gestos - carne em metáforas, No palco me reescrevendo Sempre, gozando a diáspora.

O PALCO É PARA QUEM

Sem medo de ficar a sofrer centelhas nadei cada centímetro à busca da Verdade Por ser feita de lavas com asas de pássaro e se vestir de mentiras não nasci rápido O palco é mágico, nem todos que dizem amá-lo sobrevivem, o que mais cala o vale Eu o perco sempre para abraçá-lo forte quando fecha e finge que morre

UM LUGAR QUE INTERESSA

Ainda há lugar para o afeto. Um lugar que sempre interessa. Um lugar incompleto. Mas que sempre constela. Se ontem caiu o teto o brilho, Se ontem anuviou-se a tela, Hoje o afeto tem novo fogo, Hoje o amor tem cascos belos. A ciranda põe-se em jogo. A letra pressiona o prelo, E novas ridentes cores São sonhos no setestrelo.