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Mostrando postagens de setembro, 2016

ESPARRAMADOS

Penetrei surdamente neste reino denso, mas escorreguei em xixis-sintaxe, depois me levantei e vi palavras a dormirem todas na sala, drogadas de romances de contos e crônicas, esparramados pelos cantos, veio se aproximando Signo, o gato que descrio quando crio, o rabo abanando como ideia balouçante

IMPOSIÇÃO

Os que nos impõem Como verdades suas cascas Invocam através das telas Horizontes de não-ser. O ser em fragmentos É o que impõem-nos Anencéfalas frases feitas Nascidas de fora.

ESTAR NA FÁBULA

Há muito estamos nas fábulas. Elas nos contêm. Me torno o lobo das águas de dentro. E devoro a narração. E me torno o narrador. Da fábula que me envolve. Como uma selva mística. Onde o tempo devora. Mas não a fábula dele. Um bicho estende a mão. O frio a congela.

AMAR É NÃO SABER NADA

Dois pontos, não muitos: Amar te revela. Amar te esconde.  Amar passa perto. Quando não passa longe. Amar é se abaixar pra acariciar uma formiga.  É se levantar pra pentear o sol. Amar é castigar a si mesmo.  Talvez o próximo também.  Amar é atirar a esmo. Talvez mirar e acertar. É andar de bicicleta num fio de água. Voar no fogo. Amar é pedir pra te atirarem das nuvens. Ou praticar a obsessão de não pensar. Amar é fazer palhaçadas até quebrar o espelho. Ou mergulhar na ponta de uma mágoa. Amar é vingar o desamor. É lamber o corpo das coisas. Amar é enfiar a cara num bolo e os dedos na tomada da insônia. Amar é nascer pra isso: amar sem exigir retorno. Quase. É respirar santidade escorregando num pecado sem perdão. Amar é não saber nada de amar. É se arrepender de definir o amor. É ser vilão querendo ser mocinho. É ser mocinho ante a vilania. Amar é libertar pássaros e sorrir feito bobo encantado. Amar é ser farol, solitário, mas dando direção ao que se perde.

TROPEÇO VÁRIAS VEZES

Não tenho uma tez límpida. Tropeço várias vezes. Entorpecido de ego. E do espelho estouro os tímpanos. Entorpecido de ego. Não tenho que fingir ofertar. O que ainda nem tenho. O que ainda vou mentir? Mas tenho esta alma pura. Com pétalas eróticas? Acredito em nuvens do céu. Quando ninguém está perto. É como lembrar da infância. Mortos a facadas nas valas. Era assim nas ruas perto daqui. Me arrependerei bastante. Quanto falta? O ego pensa ser eterno.   (Não posso mostrar este poema às crianças?)