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Mostrando postagens de 2018

DIA DOS ANJOS

Anjos soltos f umam nas vielas O odor imutável d as praças cagadas, Baionetas se aprontam, c ansaço nos colos, Nos bairros centrais  b eirais sanguinários, Pombas alto gritam s em saber as balas Entre peles duras, o  toque insensível Reflete a ausência d e falas doces, É assim que tremem n o túmulo das periferias As dores inconfessas, a ssoam os anjos Nas asas o catarro dos corpos, E enrolam na sarjeta a mores com gasolina.

SOQUEI

Não sonhe com o que virá. Don't jump - me dizia. Não pule - me implorava. Você perderá . Não saia. E o próximo som bloqueie. Não passe da esfera! Capins nas minhas palavras, Ervas daninhas crescendo, Cupins nas mais altas, Mas falo pra essa merda De futuro que bate na porta Enfeitado com pólvora... Não pule - se conforme. Não nasça - todos vão olhar. Você é tão lindo sugando. Fique quieto - gritava. Um fedor nas letras Cansadas de cortar ouvidos, Um sol artificial de diclofenaco Massageando a ponta do fêmur Da frase Então, decidi: soquei  Soquei o osso que gritava No centro cerebral, Desfigurei a linguagem E pulei minha música Para ouvir a outra Que nem nasceu ainda....

NOSSO SIGNO

Metralhamos  a carne das palavras  e  ela espirra rubros geiseres,  as balas quase nos órgãos vitais da alma.  Vai escorrendo devagar, Nem as almas dos vermes ligam.  Os urubus ajeitam os fraques.

CÉREBROS QUEIMADOS

E agora? Como podem trabalhar, Mãos infames pelo hábito de delatar O outro de mesma pele? Há febre e inaptidão para limpos gestos. Se apenas se roçassem c omo patas de moscas? Mas delatam o outro. No ventre do mundo, mãos Que sejam sem interesse são raras. O pontiagudo da expressão "me basto" Fura o ego do cego édipo. Os jornais mostram estatísticas Onde mãos são cegadas, e juízes Atuam com a ambição De pretores romanos antigos.  Pelos pingos do Sistema Os cérebros são queimados.

O SENSITIVO POEMA

No teu corpo transitivo tua alma inenarrável, Lúcia, simulando o infinito num finito apalavrável. Antes e após a escrita, há um espaço pranteado por nunca ficar quieto de ti. E na testa em que te escrevo o que foi de ódios, amores, derramam em tintas, mãos e trejeitos. Todos os átomos sambam signos nos eixos em caminho para a alma. Louvores à tua alma   que dedilha o ser do todo disto aqui, despertando anãs brancas nos olhos de Deus.

O IMPORTANTE É O CAMINHO

Vemos o passar dos postes da janela deste ins(TRAIN)te ... Ser um homem é ser trajeto entre seu chão e seu antes ... Sem caminho é desfeito o objeto e o sujeito ... Voando, a nave finita não pode estacar durante .. Sem estrada, cada pé raiz no pó sim soante ... Vemos o passar dos postes da garrafa do frisante ... É a trajetividade

PERDA E GANHO

Só há futuro se há passado. Buscar a luz que morr(eu), O campinho que aterrou O mangue que se perdeu, Do qual se caiu mil vezes, O porão que escondia Tratores de vã madeira, Latas de sardinha eram Caçambas e geladeiras. O prédio furando o pé. O tanque onde Estelinha Fez-me o beijo e a cozinha. (Envelhecer é Um processo multifatorial Que engloba perda de funções E doenças típicas, Culminando com a Morte? ) Buscar na memória o beco ou rua que morreu, O Posto São Jorge, o Ferro Velho do Milton, O campinho, a janela de vidro, sangue envolvendo O pé e o prego enferrujado... Catão, na velhice, descobriu a literatura. Aprendeu Sócrates a tocar lira. Desgaste de tecidos, fibroses, Perdas de reservas regenerativas do sistema nervoso e Imunológico, envelhecimento celular. Ser feliz na velhice porém (é porra hein?). Lembrar o velório De um homem centenário na rua paralela. As festas de família em Registro Com comida e alegrias infindáveis. Entrar no rio, andar de bicicleta na ladeira, Se bestifi

DESPREZANDO A TEBAIDA

Não sou o que esperam, não tenho a pretensão De ser tão são, Observo-me e não vejo o interior que almejo, Encontrar no reflexo deste ser-sacolejo Os fragmentos vis de um reflexo lunar. Sou o que filosofa sem saber onde o sofá, O que esquece o que lembra, sem estar, O que prefere as nuas nuvens aos raios fatais, A crer no Minotauro prefiro as gladiatrix Que lutavam por glória, marcianas vestais. No fundo do oceano de mim não mergulho Pelo esmagamento que pode ocorrer, Mas na superfície martelo um baú Com Pandora ao centro, dando o que tira, Roendo a esperança que cubro mas aos males Rangendo em volta do espanto, expondo tola raiva, Vomitando sentenças, acendendo o desejo Pela alma que mamila e buceteia meus lábios.

AO MAR DE TI

No mar de teu ser Todos os peixes deitam E são tubarões Os mestres do Amor. Antes e depois de teu mar, Há um corais em prantos Por nunca mudarem de cor. E no mar de teu todo Sedentos amores nadam Em coloridos ódios fractais. Os teus átomos imitam Faces de deusas lunares. Evoés à tua alma que pode sentir, tatear a nudez oceânica de teu sexo que morde o espírito só.

TEM AMOR QUE

Tem amor que mora, Noutro sem morada. Tem amor que escora Outro na amurada. Tem amor de exórdio Que no fim dá ódio. Tem amor que grita, Outro, nem se agita. Tem amor que reza, Outro que blasfema. Tem amor de estica, Frágil pra um poema. Outro, irreparável, Tem retina gasta De pele e paisagem Do todo da amada, E faz mil viagens, Sonhando acordado. Outro, iniciante nas artes do amor, tremendo na base, faz que vai, mas larga, a si se sequestra, num quase engasgado.

AOS MAIORES QUADROS

Em lance virtual  de lado sobre a cama visito museus.  O teto balança o ventilador sobre cupins. Sinto a chegada do ar condicionado para me soprar ao corpo frias mensagens de alívio. O travesseiro entre pernas para alívio da pelvis the pelvis. Moça com Brinco de Pérola (Vermeer) na revista inclinada, boca entreaberta vira-se e me olha, quer me falar como a Johannes? Queria ir ver Guernica  e meter a zica na careta dela e nas janelas livres onde marquei sites, mas tou preso à jóia que é o mistério dela,  deusa de outras eras, seu risinho em quadro quer mostrar-me o quê? Se me levasse ao sonho onde guardo um pote para botar mortes. Queria ir ver O Grito quadro de Edgard e sua cor aflita, queria O Beijo  criação de Klimt volupiamarelo, ver ao menos duas colunas de Frida, por onde subiria ao espelho tão belo d a Frida total, mirar Os Amantes, quadro de Magritte onde o pano é fraco pra conter a flecha do gosto interdito, e A Ronda Noturna onde um cão a medo e um tambor gangoso, m