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Mostrando postagens de maio, 2018

SOQUEI

Não sonhe com o que virá. Don't jump - me dizia. Não pule - me implorava. Você perderá . Não saia. E o próximo som bloqueie. Não passe da esfera! Capins nas minhas palavras, Ervas daninhas crescendo, Cupins nas mais altas, Mas falo pra essa merda De futuro que bate na porta Enfeitado com pólvora... Não pule - se conforme. Não nasça - todos vão olhar. Você é tão lindo sugando. Fique quieto - gritava. Um fedor nas letras Cansadas de cortar ouvidos, Um sol artificial de diclofenaco Massageando a ponta do fêmur Da frase Então, decidi: soquei  Soquei o osso que gritava No centro cerebral, Desfigurei a linguagem E pulei minha música Para ouvir a outra Que nem nasceu ainda....

NOSSO SIGNO

Metralhamos  a carne das palavras  e  ela espirra rubros geiseres,  as balas quase nos órgãos vitais da alma.  Vai escorrendo devagar, Nem as almas dos vermes ligam.  Os urubus ajeitam os fraques.

CÉREBROS QUEIMADOS

E agora? Como podem trabalhar, Mãos infames pelo hábito de delatar O outro de mesma pele? Há febre e inaptidão para limpos gestos. Se apenas se roçassem c omo patas de moscas? Mas delatam o outro. No ventre do mundo, mãos Que sejam sem interesse são raras. O pontiagudo da expressão "me basto" Fura o ego do cego édipo. Os jornais mostram estatísticas Onde mãos são cegadas, e juízes Atuam com a ambição De pretores romanos antigos.  Pelos pingos do Sistema Os cérebros são queimados.

O SENSITIVO POEMA

No teu corpo transitivo tua alma inenarrável, Lúcia, simulando o infinito num finito apalavrável. Antes e após a escrita, há um espaço pranteado por nunca ficar quieto de ti. E na testa em que te escrevo o que foi de ódios, amores, derramam em tintas, mãos e trejeitos. Todos os átomos sambam signos nos eixos em caminho para a alma. Louvores à tua alma   que dedilha o ser do todo disto aqui, despertando anãs brancas nos olhos de Deus.

O IMPORTANTE É O CAMINHO

Vemos o passar dos postes da janela deste ins(TRAIN)te ... Ser um homem é ser trajeto entre seu chão e seu antes ... Sem caminho é desfeito o objeto e o sujeito ... Voando, a nave finita não pode estacar durante .. Sem estrada, cada pé raiz no pó sim soante ... Vemos o passar dos postes da garrafa do frisante ... É a trajetividade

PERDA E GANHO

Só há futuro se há passado. Buscar a luz que morr(eu), O campinho que aterrou O mangue que se perdeu, Do qual se caiu mil vezes, O porão que escondia Tratores de vã madeira, Latas de sardinha eram Caçambas e geladeiras. O prédio furando o pé. O tanque onde Estelinha Fez-me o beijo e a cozinha. (Envelhecer é Um processo multifatorial Que engloba perda de funções E doenças típicas, Culminando com a Morte? ) Buscar na memória o beco ou rua que morreu, O Posto São Jorge, o Ferro Velho do Milton, O campinho, a janela de vidro, sangue envolvendo O pé e o prego enferrujado... Catão, na velhice, descobriu a literatura. Aprendeu Sócrates a tocar lira. Desgaste de tecidos, fibroses, Perdas de reservas regenerativas do sistema nervoso e Imunológico, envelhecimento celular. Ser feliz na velhice porém (é porra hein?). Lembrar o velório De um homem centenário na rua paralela. As festas de família em Registro Com comida e alegrias infindáveis. Entrar no rio, andar de bicicleta na ladeira, Se bestifi

DESPREZANDO A TEBAIDA

Não sou o que esperam, não tenho a pretensão De ser tão são, Observo-me e não vejo o interior que almejo, Encontrar no reflexo deste ser-sacolejo Os fragmentos vis de um reflexo lunar. Sou o que filosofa sem saber onde o sofá, O que esquece o que lembra, sem estar, O que prefere as nuas nuvens aos raios fatais, A crer no Minotauro prefiro as gladiatrix Que lutavam por glória, marcianas vestais. No fundo do oceano de mim não mergulho Pelo esmagamento que pode ocorrer, Mas na superfície martelo um baú Com Pandora ao centro, dando o que tira, Roendo a esperança que cubro mas aos males Rangendo em volta do espanto, expondo tola raiva, Vomitando sentenças, acendendo o desejo Pela alma que mamila e buceteia meus lábios.

AO MAR DE TI

No mar de teu ser Todos os peixes deitam E são tubarões Os mestres do Amor. Antes e depois de teu mar, Há um corais em prantos Por nunca mudarem de cor. E no mar de teu todo Sedentos amores nadam Em coloridos ódios fractais. Os teus átomos imitam Faces de deusas lunares. Evoés à tua alma que pode sentir, tatear a nudez oceânica de teu sexo que morde o espírito só.

TEM AMOR QUE

Tem amor que mora, Noutro sem morada. Tem amor que escora Outro na amurada. Tem amor de exórdio Que no fim dá ódio. Tem amor que grita, Outro, nem se agita. Tem amor que reza, Outro que blasfema. Tem amor de estica, Frágil pra um poema. Outro, irreparável, Tem retina gasta De pele e paisagem Do todo da amada, E faz mil viagens, Sonhando acordado. Outro, iniciante nas artes do amor, tremendo na base, faz que vai, mas larga, a si se sequestra, num quase engasgado.