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Mostrando postagens de 2019

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro

QUE ENOBREÇA OS OLHOS

Seus olhos são nuvens com versos, caravelas e peixes. E eu sou uma ressaca marítima. Há sede debaixo de meus olhos. Há demasiada ansiedade em minhas naus de ondas. Não há vestes a proteger do frio. Não tenho muitas saídas, você sabe. Tenho de ser peixe. Estou uma confusão só. Sou um coral de crises. Sou um rodapé por uma estranha corrente. Talvez se me entendesse, poderia ser Netuno. O forno pifou quando eu planejava a queima sagrada. E a casa envelheceu na árvore da chuva que cai pesada. Há chuva que melhor que esta enobreça os olhos?

PALAVRAS COLOCADAS NO PAPEL

Palavras colocadas no papel não voam Nem servem para sopa de letras. Antes, ferem com seus espinhos. Anteontem, feri o dedo indicador, Ao escrever letras com pontas finas. Desde que nascemos, Temos que pesar palavras. Esta aqui é de 200 gramas. Aquela ali tem 100 gramas. Pode matar. Ou fazer viver. E acolá há uma outra Pra ferir galáxias. Palavras que coloco podem dar azia, Podem ser vazias como um furo, E ter mesmo a minha alma.

PRIMEIRO, OLHO

Primeiro, olho. Coisas reais chamam-me entre as pupilas sacudindo centros de sensibilidade. Assim meu olho caminha nas letras, Cheio de extensões interiores: Dentro do ser do poema que se pensa original Um arremedo das pupilas do mundo.

O ORGULHO DA PANÇA E A LUA

O luar domina os lunáticos. Todos pulam, dizem: maravilha! Deixarão a vida bem exangues, No capital o sangue das virilhas. ... Sem os bons, os maus são de doer, Explorando a miséria social, No sovaco da bolsa a bem foder O orgulho da plebe nacional. ... Vai a lua e chega o sol; alvar, O lucro espreme a própria pança, Num barulho de estraçalhar. ... E o poeta, intoxicado, dança - Imagens de amor crepuscular -, Sugando os puns como lembrança.

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

DIVISÃO NA POLIS

Dividida na polis a verdade bífida, vejo-a na avenida a evaporar. Um ministro goza um cargo enquanto mastiga pedras para bem falar. Tenho a sorte de curar feridas (as minhas) abertas com palavras-pasta. O presidente casa de novo em cima da urna. A sorte de ter a mínima palavra como reflexo hábil do (ir)real. Um índio chora, em sonho alcança a glória da ONU. O paradoxo da palavra ressignificando meu espaço: carreira doce de formissignos.