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Mostrando postagens de outubro 31, 2012

AO AMIGO LÚCIO

Sem ti, Shiva, amigo de bondade irada, Hoje, ficamos um pouco menores. Hoje, ficamos um pouco mais escuros. Hoje, ficamos um pouco mais falhos. Hoje, ficamos um pouco mais chuvosos. Hoje, ficamos um pouco mais desagradáveis. Hoje, acontecemos menos. Hoje, desumanizamo-nos um tantinho. Hoje, cairam mais aves certamente. Menos cães uivaram, menos galos cantaram. Os natais estarão menos. As paixões não serão as mesmas. O teatro não será o mesmo. Nós, os amigos, não somos os mesmos. Não seremos os mesmos. O tempo não avançará sem tremer nos nossos relógios. Não seremos mais tão hábeis como quando tínhamos o amigo. Sabíamos que seu corpo estava circulando. Assim, o possuíamos com mãos e corpo para o abraço. Ele chegaria de algum ponto e sentiríamos seu cheiro. Estava dentro do nosso espaço, dos nossos narizes, dos nossos sentidos. Era seu coração maior que o corpo, em sua grandeza de Shiva. Não acreditamos, não acreditamos. Hoje, seu corpo deixou de circular. Hoje,

SEM HEMATOMAS

Se entrarem e disserem: Vem, façamos tijolos, Poemas de sangue e cal, Casas sem hematomas. E disserem: Pescador das ilhas do Si – Mesmo, Solta teu exercício pedreiro. E disserem: multiplica Os tijolos sete vezes setenta Sob a cumeeira de tuas obras. Se entrarem e disserem Das vacas e seus pés de barro, Ilhar-me-ei da mesma forma Nisto, pois sem hematomas A pele da letra abisma.