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Mostrando postagens de junho 19, 2014

CABE A TI

Me puseram na bicicleta. Havia uma ladeira íngreme. Quando me empurraram, voei. Senti o vento solidário sobre o rosto. Senti o bem que me queriam. Quatro costelas quebradas, Doendo menos que a dor do amor Que com suas tempestades Deixa cidades de ego derrubadas. Segunda vez, prestenção: Me puseram na bicicleta. A ladeira mais inclinada. Havia restos pela estrada. Carnes de Guerra, podres, Línguas estendidas, castas Cinzas esculpindagonias. Tive de abrir a mata escura, Envelope nalma de meu pai. Terceira vez: cabe a ti, leitor, Recolocar-me, por favor .

O HOMEM SEM MIOLOS

O homem sem miolos dissimulou mordidas nos campos de seu medo.  Chegou a casa. Comeu o retrato do pão com pasta de fígado e coçou o pescoço sem moldura. A família em quadros antigos testemunhou o desfile das suas batatas no livro de receitas,  enquanto quase sem medo lambeu seu velho revólver caramelado que se desfazia desenhado na toalha da mesa.

VENHAM POIS MOLHADA A ROLHA

Que venham brancos, rosés, Tintos ou bem espumantes, Quero a lua pra beber, Venha nua, esfuziante! Venham às minhas gustativas Papilas extasiantes, Que de tanto desejar-te Musa, vai ficando arfante. Tragam-me massas, carnes, versos anchos, Ao canto leste desta mesa lauta, Frutos do mar, peixinhos, vinho branco, Algas fresquinhas, pois a fome assalta! Não quero as vinhas sob o frio intenso, Quero entre trinta e quarenta graus As minhas vinhas ao sabor dos ventos, Para apurar o aroma especial. Que se abram vinhos sem tirar as rolhas, Que deixem rolhas ficar dentro um pouco, A que respirem bem e não se colha Ruim sabor por lhes tirar a rolha! Se tiver borra, se decante um tempo, Para se ter bastante aeração... Não falei porra, ó de ouvidos lentos, E não entenda, acima, ereção, Pois todos sabem que esses bons efeitos Pedem o leito em mádido tesão. Tragam as taças, que a garganta estreita, Não quero a rolha ressecada, não!