PAIXÃO PASÁRGADA

Sempre há diferentes reinos. E um homem por vezes é um trono em que algum deus senta. Um cão fareja a toda a hora o que o homem é. O focinho de um cão é a sua mente humana. Por farejarmos com a mente, lati-pensamos muito. O tempo vai escoando enquanto isso. E alma endividada desespera : perdeu, perdeu! Acaba sendo assassinada pela Estrada.

Eis os traços negros Espelhando a morte. No urbano manto A nódoa e o corte. Eis a rua e o roubo E o rumo e o susto, O escrito avança No espaço a custo. E assim escrevo Esta noite, e a deixo. O humano esguia Do interno eixo. E um poeta gira No eterno vício De escrever a vida Sobre um precipício.

Qual o mistério da distância que estica um perfume até seu nariz? Qual o mistério de sentir um perfume assim com bis de século que passou? Quantas moléculas de espaço um perfume seu tempo atravessa?

Há uma fenda entre tu e a taça da tua amada. Um muro com uma fenda. É o que basta. Podes ver a taça dos olhos dela  ternamente a partir dali.