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Mostrando postagens de abril 21, 2013

QUESTÃO DE MEMÓRIA

Acontece no ônibus, vez em quando. Abro, então, a memória para que entre Um avô espanhol, de Lojas, Da região da Andaluzia Me compra sequilhos, Ao centro da cidade de Registro, Onde também um peixeiro passa, Junto duma mulher com chá quente nos bolsos. Marília me aguarda à porta do banheiro. Dirceu fugiu com uma cabra E o estranho é que estou Ao lado de um colega falecido. E assim vou por aí, catando visões. Abro mais e estou saltando muros. Valho uns seis milhões de dólares, Por meu braço biônico. Mais gordo e com treze anos. E estaco para o espírito em fogo. E mulheres nuas invadem minha puberdade. Com seios em riste de auréolas molhadas. Há um cheiro de eternidade nisso tudo. Embora os pés do tempo disfarcem As varizes nas rodas do ônibus inflam.

A AFIADA FÁBULA

Há muito estou sem sangue que preste. Desde que vi as cegas apedrejadas. Pudesse matar carrascos com grafite. Entreabro as pétalas das palavras Com letras de abertas vísceras. Do campo de histórias partem apelos.  Lá elas com a cegueira que lhes causamos. Cegamo-las com a afiada fábula das costelas.

RESTART

Tu me acenando de longe. Vou à memória buscar-te. Promessa que fiz pra mim: Inda te encontro na Arte. Finitos sons a morrer. Passa o tempo sem esforço. Eis que ouço meu rascante Atritar de ruga e osso. Miolos na sopa, estou velho, Quase me esqueço ao chamar-te. Tu me imploras da tela E dou-te a memória em restart.

NESTE MOMENTO

Neste momento, minha cadela coloca o focinho na porta, volta pra fora, se certifica que todos estão longe, e fala comigo: será que posso ver o meu feice? Em troca posso ser um pouco mais feroz. Como não tem ninguém e ainda me admiro por ouvi-la falar melhor que muitos humanos digo: você tem dez minutos. Ela se despe dos pelos, pra ficar mais à vontade. E digita com tal rapidez que.... Escuto o portão. Ela corre, veste os pelos E deita no tapete. Só eu percebo que ela vestiu o rabo ao contrário. Ninguém mais percebe. O tempo nos atropela.