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Mostrando postagens de setembro 5, 2013

COMUNGAR

Comungar com os cavalos, Após levantar a xícara, Ler as mensagens do esterco, O desgaste das botas, Um naco de feno comer, Tomar o café, beber A profecia da borra: A fina faina da escrita. Esfregar o poema. Depois, olhar o mundo, Esfregando o estar nele Com perplexidade de gnomo.

FELIZ COMO UMA RISADA

O poeta desistiu. Não devia mas desistiu. Nada o demoveu. Tinha de ir.  Foi. Quando voltou, estava molhado de sonhos rotos, ferido de choques de ondas, mas como uma risada aquecida num bar.

PARTIU COMO ERA

Embora em paz, Partiu com medo Do que mostraram No jornal diário, Em sangue fresco. Partiu como era, Inexata medida, Sem ter o saber Do exato sentido, Enquanto se atirava. Partiu com desejo De querer bem mais Do que a vida lhe abrira, Embora os vários cortes Do medo na pele sua.

MODO DE PECAR DELA

Não conheceram sua aldeia primitiva. Não conheceram seus sorrisos vegetais. Nem o barco de frutas naturais. Queriam castigá-la pela coragem da nudez. E invejavam também seu modo de pecar Banhando a vagina da alma no relevo da lua.