Com um furor Nas lascas do dedo, Com anseio morto, Borrei-me no verso. Urgia a ressurreição dos Versos para os cabelos do lápis, Após assumir o cheiro De mudanças constantes. Mas por estar sempre mudando, Por vezes, deixo o tempo, E danço o aço no espaço. A sós.
Por instintos de instantes, Tecemos facas amoladas em fogo Sobre o amor de medo e paina A cada vez que declaramos Dores de instante a instante, E assim variadamente Aprofundamos sem pele O relógio torto da consciência De se entortar de mentiras
Dálias de ouro, em sol líquido, chupando árvores no corpo do vento. O mito, a se desprender das ramas, voyeur despetalando o olhar em mirra, incenso e corpo em memória.
Gerânios, cabeleiras rubras, escancarada beleza, celeiro de chips-dragões na aurora do amor. Mulheres que moldam mosaicos nas vitrinas de notebooks soldam céus com sons de fogo e sal doce.
Num inexato instante Desfiando Mágoa flutuante Mas sem tento Naquela sua nudez De ilha A adormecer Pulou o amor de vez Sobre As ondas E em nascente ferida Tatuada Na virilha-coração Fez-se prisma Distante Ainda a quilha De Caronte
Lá fora mais uma morte. E sinto-lhe as asas rente Enquanto os pecadores Posam para a foto Do Grande Peixe. Dentro do ônibus o medo. O piloto quer parar. Ninguém sai de si. Somos cidadãos. Somos Si. A morte também está dentro. Quer chegar logo.
Uma filha em cada lado de meus ouvidos enfiando cotonetes como remos num mar de tímpano. E apenas aguardo o sono vir. E apenas aguardo. O sono....zzzziiiiirrrrrrr