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Mostrando postagens de janeiro 15, 2013

CANTO PARA O MOMENTO FERIDO

Canto a urgente pauta, E canto por meu instante, Canto porque é urgente O tempo neste levante. Canto porque se eu não cantar Outrem por mim não garante, E por queixas de mal-amar Faço um bem-amar cantante. Canto pois meu momento Por si só não se alevanta. Então di(verso) arrebento O bronco poema à garganta.   Por cantar como azarão, Azulão com A e R, Se tiver ouvidos bons, E me ouvir cantando, berre.

RISO DE SER DEVIR

Tudo é uma questão de riso. Riso até parar de rir. Rir do amigo, do inimigo, rir da dor e do existir. Se o corpo um riso atrasa, a alma o passa ao sorrir. O que resta é rir de sermos em sorridente embaraço. Tudo é ridente devir, correr sorrindo pro abraço e fazer riso a subir em gargalhadas, descalço.

SACRO LIXO

Antes aquela senhora tinha uma música E quando seus lábios sonorizavam  Os desejos cantavam com olhos de barro Com sua musica, todas as inomináveis Lendas de água e pedras ocultas Abriam passagem entre os mendigos Um dia, por sua música os anjos deslizaram E trocaram as asas por chapéus de esmoler Só pra estarem perto dela em sua casa de papel

PARA SYLVIA PLATH VERSEJANDO TORTAS

Penso na beleza pontiaguda de seu verso. Penso no salto e seu mergulho errado. Penso que ela era de pele tão branquinha E amava com uma alma que vazava. Uma torta que ela versejasse Tivesse talvez um maior sabor Mesmo ao passar do tempo Como sua belagonia única. Penso que ela antigamente sorria E de flores à cabeça aguardava o acendedor. Penso-lhe a boca inundada por abelhas. Ligando no amor árvores dentro.

GAUCHE O VERSO FAÇO

De afogar-me os medos Do fluir das mãos De passear a alma Pelo céu no chão De garfar o tempo De roer o espaço De morder clemente De andar de lado Já premeditando O mover futuro O verso tortinho Faço no teu muro E sigo o caminho Muito embora impura A margem

ARROTANDO PEIXES-DIAMANTE

Sem a voz de fora. Quando os seres falam por dentro O rio flui mais limpo, Arrotando peixes/diamante E pondo no eixo seres em curvatura. Ontem, o ser, presa de um castelo, Se cegava no por-fora. Por dentro, dá pra ouvir a voz dela. E de seus saltos nas sebes, E de seus cálices colorindo, Fluindo, em silêncio. Vejo um barco de inteirezas No rio carinhoso de dentro. Não sabe pra onde vai. Onde está. Não sabe se é. Só flui. Molha o interior no bafo do poema...

O REBELDE

E assim que passou o sétimo dia, Ele descansou em sua rede trançada de raios Permanecendo assim por séculos antes de voltar a criar. Luci Ferrigno t omava uma branquinha,  enquanto folheava em ventania, com inveja de seu pai se balançando. Comia um céu estrelado E lendo essa história, Pensava: "será que foi assim? Não foram tantos séculos." Fechou o livro- nebulosa. Ligou uma galáxia e ficou vendo com sua turma de anjos supurados programas proibidos no buraco negro. Depois de esfregar os olhos De sono, despencou. Com a turma toda. Um pedaço de meteoro atingiu os olhos Da Terra. Pensaram monges que fora de propósito. Desmemoriados pela queda, os anjos deram aos roqueiros o tema da rebelião. A galáxia ficou eternamente ligada. Deus só sorriu da queda desastrada, muito embora a Terra chorasse de olho redondamente vermelho.

EU TE PEÇO

Eu te peço perdão pela explosão do meu peito Pela covardia de não te falar antes dele explodir Eu te peço perdão por dar asas ao ego Eu te peço perdão por criar-te diversa Por não lamber teu coração de mel e bondade Eu te peço perdão por ser um cartaz no poste Com tuas faces apagadas