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Mostrando postagens de julho 15, 2013

FALEI A VOCÊ

Ah, falei a você da raspadinha? Feita com raspa de segundos. Lhe falei da aposta? E que esta noite tá besta. Me doem as costas. E que o coração é o leme. Da alma em mares tortos. E que o corpo salga o espelho.

SAUDADES

Saudades. Gorjeios. O cheio ser venta árvores que cantam folhas. Por outro lado, venta chuvas na goela da vida. Penas das asas na goela fremente da alma engasgada.

SEU ESPELHO CANTAVA

Atirou-se na banheira, sua pele ganhando a consistência líquida da água. Seus órgãos ficando azuis como sonhos de pureza. Ao sul, um pássaro com bico de nuvem. Ao norte, um canto de andorinha parando o tempo. Quando ressurgiu na banheira, seu espelho cantava.

CORES DO NINHO

Ela tem as cores nos braços, as costas curvam amarelos de lua e sol, e ele a adora com a alma branca e rubra. Em seus sonhos, ele busca o ninho dela e faz uma festa iluminada de arco-íris a que ela ria e dance, chocando os ovos. Ele fica feliz só de não existir ali, disfarçado numa janela aberta para o mar, espaço onde seu céu nada todos os sonhos.

BRINCANDO BRINCANDO SÉRIO FICANDO

Tudo uma brincadeira. Pulamos corda. Brincamos de pique-esconde. Libertamos passarinhos. Libertamos animais de suas jaulas. Cavalos de suas selas. Cães de suas coleiras. Portas de suas chaves. Quando percebi, eu não brincava. Eu levava a sério. Foi quando te assustaste. E me deixaste aqui fora. Te peço: Traz um poemagarro pra mim. Deixa embaixo da porta.

AS NUVENS MORREM NO ARCO-ÍRIS

Acenam frágeis as nuvens. O que as faz cintilar? Fico a mirá-las em sua ânsia Na rua da poesia desprezada. E o Sol que passa e não se interessa? Sempre a chover suor nas testas. Pergunta a Terra: - Não liga às nuvens? O sol não responde. Talvez esteja velho. O dia a passar, há assaduras na pressa. As nuvens se matam, chovendo. O sol nem aí.

EM CARNE VIVA

Foi assim. Ele amou. Comecemos sem delongas. Ele amou com os dentes. Bem depois notou O amor sem pele. Todo em carne viva. Doía no encostar. Mas era essa pele um órgão vital segundo os melhores livros. Sem espessura cutânea, não ocorre a regulação térmica. Nem o controle do fluxo sanguíneo. Não fede nem cheira. Não começa nem acaba. Mas é tão intenso quanto qualquer amor com. Talvez até mais, há ouro nas suas células epiteliais. Foi assim, ele amou com prazer e dor. E esqueceu do amor que sofria em carne viva. Porque era burro como uma porta. Sem pele o sentido de sua vida.