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Mostrando postagens de abril 22, 2013

OS ANJOS PEGAM SUAS TROUXAS

Os anjos pegam suas trouxas. Não têm mais esperança. Estão em fuga. Não são mais os mesmos. Aquele jeito puro deles não existe mais. Aquele sorriso de cada anjo ganhou febre. Antes invejavam os homens. Agora invejam o Nada. Se ganhassem o Nada, Mergulhariam sem pensar em nada. O Tudo lhes cansou. Pegam suas trouxas e vão aos piquetes. Quando assaltados de pequena esperança, Pedem jornada eterna menor. Melaram de bosta as asas. E apontam o dedo médio pros homens Que os vêem quando sentam no meio-fio.

SIGO COMO UM SER DE SELVAS

Sacudo minha juba Como leo antigo Estico o pescoço De meu ser selvagem. Blasfemo da chuva Que dá fuga à caça. Pouco me adianto Com a vida às traças. Só as minhas moscas Me adoram, me entendem. Não há virgens selvas. Todas em ruínas. Vão-se as memórias De outros campos férteis. As patas me doem Como as lembranças Dos risos de Leocádia. Os dentes tremem nas gengivas. Meu rugido espanta menos Que minha amarga alma Claudicante a cada verso.