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Mostrando postagens de maio 28, 2013

SONETO DE ÁGUAS DIVIDIDAS

Necessita o eu de estar Onde vai a noite a pino. De tanta lua, me sonho Sol soltando os intestinos. Que vença a morte outros versos, Que nos meus há muitos medos, Por não ser muito disposto A ter coragem nos dedos. Necessitam que me mude, Que concorde e seja imerso Em valente atitude. Mas o espelho enxerido Se estilhaça e o interno açude Medra águas divididas.

EM UM FILME NA TV

Estava eu sobre o sofá Bebendo um vinho gelado. Passou em um calhambeque Dentro de um filme afamado. Passou na tela um instante. Foi pro lado e assim sumiu. No filme, sumiu, fantasma Que todo o meu ser buliu. Paixão buscada em canção, Sem palavras condoreiras, Uma pintinha em seu queixo, Rosto de flores brejeiras. Desejo ou tola vontade? Amor ou vão sentimento? Tufão ou vento de luz? ...Nascente flor de momento. Desejo que morde e assopra, Desejo a gemer de medo. Feito em gostosa preguiça. Desejo em tela, segredo. Estava eu no sofá Olhando o filme, calminho, E a moça do filme olhou-me Piscou-me e cuspiu no vinho.

ROMANTIQUINHO

Não tive ideia quando vi você. Como ter ideia quando a gente olha A razão de tudo e ter seu porquê Se o pensamento foge nessa hora? Não tive ideia da razão de ser Da razão de estar de existir talvez. Só tive no olhar o seu todo e ter O seu todo é ver o amor de vez.

MEU MITO DE ATAR-TE (ESTILO OU....FIM)

Para melhor matar-me (me-atar-te) Travei batalhas com vocábulos escuros. Não te rias, minha ovelha-negra. Eles eram fortes, duros como pedras. Vocábulos escuros são fortes de mentira, Mas as mentiras arredondam. Quando se mostraram, eu - créu. Olha a ponta de meu verbo raso em teu umbigo fundo. Tu não lembras, ninfa?  Me traíste em todas as idades.  E dei-te mágoas, espantos, enquanto melava-me  os abstratos olhos míopes com os teus filamentos de traíra. Não crês? Eu também não. Mas está aqui. Escrito agora.  Como se tivesse acontecido. Escrito na minha pele,  herança da pele de meus pais  e avós e outros antes deles,  alguns com busto de bronze ou pele de lobisomem. ....E na época das ondas amarelas?  Era teu escravo, falso eunuco, e para deleitar Netuno,  que feriras em teu muco,  me renegaste as idéias. Lembras agora? Esforça-te. Comeste todas as idéias  das bibliotecas rubras  do meu oceano de dentro Não - Pacífico. Trago de lá a este tempo

OSSOS PARA O PIEDOSO

Onde ele arranja tanta piedade? Não o deixam morrer de fome. Sempre uns cães ao redor, Alimentando-o com o focinho. Não o deixam, sempre Esmola na hora certa Em que a fome o esmigalha. Uma mão sempre se estende. Todos louvam seu sorriso de janelas. Todos curtem sua mínima palavra. Onde ele arranja tanta piedade? Sempre uns cães ao redor. Ele sempre começa: Oi, todos! E todos se apiedam.