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Mostrando postagens de novembro 26, 2012

QUEM QUISER QUE CONTE

Há poemas para todos os gostos Há poemas antológicos ontológicos Há poemas em que aposto E nem todo mundo gosta. Há poemas para todas as ruas Há poemas para todas as danças Há poemas em que insisto E nem todos gostam disto. Há poemas que abrem todas as portas. Há poetas que sempre estão no aperto. Quem quiser que conte cinco tortas. Eu como quatro.

FRATERNIDADE

Brancos que assaltam são meus irmãos. Negros donos de empresa (poucos, sei) são meus irmãos. Amarelos que brilham mais que o sol são meus irmãos. Vermelhos que se consomem em paixões são meus irmãos. Roxos que se picam de tristeza tumular são meus irmãos. Verdes peles que mais reverdecem são peles irmãs. Azuis que se pintam de céu sempre que podem são meus irmãos. E os pintados de assim por diante também o são.  

QUE DEUS SEREI?

Se eu encher este poema, Estarei me exibindo como popular? Se eu encher este poema de Mulher, Estarei mulherengo? Se eu encher este poema de volúpia, Serei um erótico mostrengo? Se eu encher este poema de pão, Serei padeiro? E o sentimento? Que sinto e não tenho... Ou se tenho, não o sinto.... Se eu encher este poema de moedas terei um cofre?

MÃE E PAI

O meu pai tinha um caminhão. Caminhou muito de Ouricuri pra cá. Minha mãe tem um coração Maior que qualquer caminhão. Até maior que o Universo Saudade do colo de minha mãe, Onde eu podia ser menos egoísta. Saudade do cordel de meu pai, Das proezas de João-Acaba-Mundo, Em seu confronto com meu universo.

UMA PALAVRA

Anteontem, me encantei com uma palavra. Fiquei molengo como nunca se viu. A palavra tinha tal poder Que ajardinou o dia vazio. Você me pergunta qual é a palavra? Você sabe, vai dizer que cê não sabe?

QUANDO ACREDITARÁS

Quando um dia sem escrever? Quando deixar de me buscar? Quando deixar de fotografar naufrágios? Quando deixar de pisar nos espinhos de propósito? Quando deixar de lado o ser-relógio? Quando essas águas-vivas deixarão de queimar?