Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho 17, 2013

PATAS DE SENTIMENTO

Pela estrada. Chego. Dou às tuas portas. Enxergo a poucos metros Um lobo morto. Patas de cavalo em sua alma. Eu sou um cavalo. Eu sou um cavalo troncho. Monta sobre meu lombo. Não confia muito. Não. Não. Apalpa minha cernelha. Anca, garupa, peito, Contado, flanco, axila. Foge enquanto há tempo. Sou espádua, braço, codilho, antebraço, joelho, canela, boleto, quartela, coroa, nádega, cocha, casco, cilhadouro, ventre, virilha, mas sem topete, crineira e bordo. Um cavalo em todo o corpo. Sem a alma de outros cavalos. Não tenho nada no espelho. O trote bom ficou pelos campos. Só faço poema com as patas tortas. O sentimento cavalar Com que te ato a alma É sexo com música retrô E corta o som da chuva Que cai com fúria de comer o solo E fecundar as plantas.

TENHO PALAVRAS: IDENTIDADE

Queimo com água vazia falas cheias que estranham meus ouvidos. Esculpo num mármore de silêncio. Tenho medos que deslizam por lousas tumulares. E o desejo se acumula em selva aberta por dentro. Sou apenas um como os demais: cavalo. Quatro patas, mil poemas em cada unha, crina Na alma peluda, mil desesperos em cada pelo, Hipomorfo, ungulado, boa velocidade Para escapar de predadores-editores.