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Mostrando postagens de março 5, 2013

O SABOR INCLEMENTE DO VERBO

De meu verbo não tenho piedade, Vou soltando-o sem força e o tenho Ao longe em inteira liberdade, Enquanto fico olhando a tez do tempo. Não quero verbos que homens bem prendem Em suas religiões, filosofias. Mas sim os que às gramas reverdecem Com belo vôo em instáveis linhas.

PORTA EMPERRADA

Tanto empurrei a porta, que a travei. Tanto fiz na janela, que arriou. O leite que não quis bem derramei. E por negar o arco, derramou A seta todo o sangue que guardei. Dei amor ao tempo, que findou, Muito abracei o algoz de meus enganos, Beleza apareceu mas não ficou, O tempo botou traças em meus planos E, sem sincronismo, a mente gaguejou. A porta emperrou neste caminho. Mas já decidi. Vou detoná-la, Seja embora o poeta ser franzino, E o outono embranqueça a torpe fala, Mijando, esclerosado, e fale fino.

O HOMEM É O HOMEM

O homem? Pó de cocaína Junto ao narigão do demo, Que cutuca o mundo e geme Despertando céus efêmeros. O homem guarda esperanças Contra verdades que empestam. E inventa passos, danças, Com a ânsia que o atesta. O homem mede o ser em desmedida, E querendo mais possuir se faz feroz, Quanto mais possui mais excita Vontades de ter sempre maior voz. Somente a obra em paradoxo Levanta a humana alma arriada, Mas na vastidão plena do Cosmos Sempre será pó, brisa, mais nada.