Dois pontos, não muitos: Amar te revela. Amar te esconde. Amar passa perto. Quando não passa longe. Amar é se abaixar pra acariciar uma formiga. É se levantar pra pentear o sol. Amar é castigar a si mesmo. Talvez o próximo também. Amar é atirar a esmo. Talvez mirar e acertar. É andar de bicicleta num fio de água. Voar no fogo. Amar é pedir pra te atirarem das nuvens. Ou praticar a obsessão de não pensar. Amar é fazer palhaçadas até quebrar o espelho. Ou mergulhar na ponta de uma mágoa. Amar é vingar o desamor. É lamber o corpo das coisas. Amar é enfiar a cara num bolo e os dedos na tomada da insônia. Amar é nascer pra isso: amar sem exigir retorno. Quase. É respirar santidade escorregando num pecado sem perdão. Amar é não saber nada de amar. É se arrepender de definir o amor. É ser vilão querendo ser mocinho. É ser mocinho ante a vilania. Amar é libertar pássaros e sorrir feito bobo encantado. Amar é ser farol, solitário, mas dando direção ao que se perde.
BLOG PAIXÃO PASÁRGADA, ONDE UM DISCÍPULO DE HOMERO E TÉSPIS OFICIA