Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de março 22, 2014

AO REAL DEVASSA

Quando o nariz do anseio em feromônios Sangrando o palco vem, sacro e pagão... Chega em asas que ao real devassa, ele, Disposto a sangrar de amor a ação... A canção se ouvindo assim qual ave, Por baixo de desejos inconfessáveis... Que não haja espelho, pouco se lhe dá, É forte e couraçado em sua imagem. O que ele entreabre - sua flor - nas pétalas acirra Enleios que eternizam a posse do corpo da angústia. O amor, assim, bate no espelho, selvagem; Depois, à mesa, educado, adoça voragens.

UM HOMEM ENTROU

Um homem entrou  na casa de outro. Não pegou dinheiro. Não pegou móveis. Nem letras do Banco. Nem jóias originais. Nem os cães de raça. Nem a filha do outro. Nem a mulher do outro. Simplesmente entrou. Subiu  aos quartos de hóspedes. Não os queria. Desceu à sala de jogos. Não teve interesse. Não, não tinha arma. Ali ninguém tinha. Todos seres de paz. Só o homem era grande, Talvez grande  até demais. Quando um homem entra. Digo: na casa de outro. Quando isso acontece, No fundo todos sentem Não merecer o que tem. Pois no começo era de todos A terra ampla e pura Até que fortes e chefes Pegaram como sua. Há muito sangue por trás Das coisas privadas, rapaz. Eis que o homem  chegou à cozinha. Ali certamente tinha. Pegou e levou pra casa. Estava quase na hora Da filhinha se alimentar. Tirou do saco que roubara Leite dos bons, tipo A. A morte chegou logo Com oficiais de justiça E um atirador de tocaia. Isso aconteceu em uma data incerta. Talvez em. Talvez em. O fato é que o homem  era gra

FOZ FINAL

Correm,  fugindo ao predador. Uma loba  e seu filhote. Correm do predador. A determinada altura, ela finge  uma dor atroz, e avança  o predador feroz. O predador - um homem, talvez um de nós. Fico pensando no final, foz.

PAREDE DE DANÇA

A tempo de limpar  as hélices, de polir os vértices  dos quês e de varrer nossas cabeças pra debaixo do tapete Cheguei a tempo, pronto para acender as velas e vestir sombras várias para danças redondas  na parede

BRIGUE DE OZ

Éramos ventos ausentes de poesia e ali na mesa carecíamos de vela que nos dirigisse....até que...o brigue de OZ surge dos lados do ser  numa vela docemente melancólica no momento exato e esperado para consertar nossos ares e nos tornamos crianças no pensar embora escondêssemos nossos cavalinhos de gude ou tentássemos engolir nossos verdes sensos...

LADY GODIVA

Lady Godiva,  flor de Conventry, cego fiquei, mas um tanto guardei do ventre que olhara. Senhora, a lua desce sobre os telhados e a sinto mais agora na pele das cegas retinas. Um raio guardei de tua justiça. Outro raio de tua astúcia, minha estultície. E ainda outro de mirar teus cabelos, cachoeira a cobrir cerviz e meu arreio: anseio de perecer ao sol de ti.