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Mostrando postagens de abril 27, 2014

DE MIM E DOS QUE AMO

Tento escutar o que dizes de mim e dos que amo, para assim poder avaliar o meu egoísmo atroz de considerá-los mais que aos outros e poder te agradecer e dizer que puxaram a mim. Ou escutar o que talvez tu nunca venhas a dizer, para assim passar desdém no chão, para assim poder lavar a ira secular, para assim esfregar os cantos ansiosos, para assim fazer o café com duas broncas mascavas, para assim poder mudar o guarda-roupa de lugar, o sofá do teto para o subterrâneo, o criado-mudo na parede sul, a montanha defronte do sonho esquecido em meu sacrifício para o sol por trás da biblioteca que um dia terei, para assim poder escrever o roteiro adaptando o berço, para assim poder representar a vida do rinoceronte, para poder ir ao vaso por um seio da loura do banheiro, contratada para contra-regra do fantasma da ópera que é a vida daquele vulto que se veste de mim e tenta gritar a cada acordar pra ti. Tento escutar o que talvez já tenhas dito de mim e dos que amo e

VISGO NA PAREDE TORTA

Um mendigo sonha... Que sonho ele rala? Como poeta anda... Que andar ele fala? Um passo de Deus? Lembra aquele rastro Onde se perdeu, Feito um caramujo Na gosma do breu. Um mendigo enverga Sob peso e alisa O que ele carrega De poesia e abrigo: O cão, a coberta Sobre o chão cuspido Com fedor de merda, E curtido a urina Um poema velho. Há pus na virilha De amarga memória Que ele coça e estica Sua vida é corte Que ele curte a visgo Na parede torta Que sustenta o dia E se chama Morte A égua que encilha.