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Mostrando postagens de junho 5, 2013

A UVA ALEGRA O VINHO

Eu sou fácil Você difícil Eu sou de físsil Você fácil Eu como alface Você falácia Eu armo a farsa Você disfarça Eu no sofá Faço difícil O fácil fato De ficar fóssil Eu sou assim Você me firma Eu assassino O amor que afirmo Tu és difícil Mas sou bem lasso Pode comer-me Com tua face Querida, a uva Alegra o vinho Se a videira Leva carinho

HOMEM EXECUTIVO COM AGÁ

Executivo com agá, Talvez você prefira que eu fale de....automóveis? Ou talvez que eu olhe quem você atropelou Como mais um número entre estatísticas... Talvez você evite Talvez você esteja satisfeito com os índices Talvez você perceba tarde a diferença Entre xis e ypsilon E quando digo tarde É tarde mesmo Não aquela tarde em que fodias Homem com agá A tua subalterna e o teu cachorro De pelúcia Cheirando como um Aspirador de dor Talvez você não ache As diferenças tão fundamentais E os sequestros por aí Ocasionais Mas tudo é resultado Mas tudo é resultado De tuas fodas fatais Mano, as diferenças a menos Não dariam menos mortes? Meu tiro de palavras de alto calibre Não é como tua alma que rasga à-toa

ONDE CORRO É POR DENTRO

Minhas falas avançam mergulhadas de planícies. Há um quê de espada enferrujada nos meus cascos. Cuidado com o tétano, leitor. Mesmo na mansidão lírica, cuidado. Trilho sozinho os raios De algum olhar que aqui calha. O amor é melhor nos olhos. Não sou desejável Como aquele vaso na janela. Todas as palavras que quero passam por mim E nem me ligam. As que não quero se apegam. O amor é melhor nos olhos. O amor é melhor nos olhos. Sou um cavalo das selvas urbanas. Onde corro é por dentro. Mas essa história de amor melhor nos olhos Nasceu com o corpo dormindo.

CAVALO TROVÃO RELÂMPAGO

Eu sou um cavalo manco. Minha voz segue o trovão. Corro aqui como relâmpago Reluzindo a solidão. Da estirpe dos olhos tortos Dos humanos desumanos, Meus olhos buscam planícies Pelo perímetro urbano. Sou porém dócil e indócil. Já fui bravo, já fui santo, Enfrentando com São Jorge Dragões com fogo de engano. A planície vai findando, Não posso porém parar, Pois se parar de correr Meu mundo vai se acabar. Consegui lá no começo Um beijo dado com vida. Por isso corro do início E não quero despedida. Eu sou um cavalo manco, Vejam como corro ao vento. O trovão deixa meu canto Com a voz do pensamento. Vou seguindo, vou correndo. Mesmo a pata manca, venço Distâncias no coração, Esteja sol ou chovendo.

TEMPESTADE

No fígado do poema, gelo e água forte, ascendentes correntes, calor latente, cristais, termodinâmicas instabilidades, rajadas de brisas marítimas, neves, nevascas, avalanches pelo topo, parcelas de mágoas, angústias, dores convergentes, divergentes, anseio seco, desejo molhado, trovões, ventos nervosos, doçura irritada, conflitos, fugas, vorazes sedes e gulas, vindas das artérias e veias, de outras línguas, linguagens, máscaras de granizo e sangue. Onde a significante condensação? Não importa. A palavra dá-se ar de tempestade .