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Mostrando postagens de maio 22, 2014

TE DIRIGES PARA MIM

Te diriges para mim. Sei que passarás ao largo. Não me conheces. Me odeias até sem me conhecer. Talvez devido àquele torneio Na Idade Média que ganhei Para a concubina do rei. Imagino que nunca participei desse torneio. Que nunca conheci a concubina boa e bela do rei. E que vens e não passarás ao largo. Não me conheces porém. Me odeias até sem me conhecer. Culpa de outra vida. Como iria saber? Imagino que me abraçarás e serás presa do amor eterno desses amores eternos dos cadernos adolescentes de minha bisavó, infinito sentido de meu bisavô. Te diriges pra cá. E imagino que me beijarás e morderás o meu pescoço e sugarás meu sangue com ternura e me farás escravo do teu castelo que imagino ao norte da Europa. E toda noite me possuirás com teu mons púbis de Vênus e coxas macias e cheirosas. E toda tarde passearemos no jardim de ouro. E toda manhã banharei teu colo com água de eros. Mas sei que passarás ao largo. Pois me odeias por dentro do passado,

A MINHA ALEGRIA

A minha alegria é beber no copo que há pouco seguravas mesmo longe dos teus lábios. A minha alegria é o sol existir é a lua se exibir e eu pensar que é por você que só existe para este poema não deixar de existir.

HOSPEDARIA DE MIM

O sol na minha hospedaria. a lua na minha hospedaria, a poesia na minha origem. Tudo povoa minha seiva. Há milhões de emoções. O suor refresca minha casca. Na minha raiz, a mãe. O útero dela na minha raiz. Os sentimentos que me adubam partiram da Terra De Meus Pais e moram na Hospedaria De Mim talvez para sempre.

EM CIMA DE MEUS LÁBIOS

Não sei se as coisas morrem quando a sombra avança. Só sei que a infância corre enquanto o adulto cansa. Havia uma rua. Havia um campinho. Roberto Páscoa. Edson, Bininho, Lula Balula, e eu subia todo muro, pra alcançar o sonho que eu nem sabia. Ainda há essa rua, embora velhusca. Eu perdi a prática de subir muros. A rua é de outros meninos que não sabem que ela tinha mais músculos, e nos aguentava, a mim, a Roberto, a Edson, Bininho, Lula Balula, e a uma menina tão linda, tão linda, que namorava o Edson Páscoa, enquanto eu, da Guarda Real, vigiava e invejava sob o encanto da magia da beleza de Regina, que seria Mulher Maravilha quando crescesse e ceifaria toda a injustiça, ela dizia em cima de meus lábios. Fiquei muito tempo na Guarda Real. Nunca fui de família nobre.

NESTE MIRANTE INVENTADO

Na sala de não-fumantes não-fumo minha cidade que teve muita fumaça em sua vida. De vez em quando, escapa Para um cantinho E fuma um tiquinho. A perdôo porque é barra tentar parar. Não-fumo minha cidade mas a vejo em névoa londrina. Um pouco de aço, um pouco de fertilizante, um pouco de pó aqui, acolá. Vejo um cachorro e um menino e o menino sou eu e o cachorro não é meu, apenas nos encontramos e seguimos um olhando pro outro, a dizer pelos olhos que vai ventar pra caralho. Mas eu mesmo estou de longe, adivinhando esse papo e não-fumando minha cidade na sala de não-fumantes deste mirante inventado.