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Mostrando postagens de agosto 6, 2015

F LUA AB AETERNO

Disse H: - Por mais que se chore,  ao final sempre assoamos o nariz. Ao seu lado, no bar, estava K, escondido do pai, enchendo  o nariz de pó de mata - baratas, droga espalhada pelos trouxas. Aff, cara! O dia.... O dia prosseguia  sem ligar para aquilo tudo, esperando pra fumar a lua espetada no lençol da noite. O dia, que espetou a lua, não podia aparecer, mas, ao crepúsculo, no finalzinho, aproveitava e botava pra  f a lua ab aeterno por trás do escuro da pontinha da estação da Via Láctea Por isso que os dias estão rubros de tanto brisarem de noitinha

ÓBITOS BARATOS

Os óbitos  das baratas  na  mesa. Fui presto. Fui rápido. Mosquitos também insistem em morrer aqui em casa. Como o inseticida acabou, conto outra vez as baratas e no corpo a corpo tenho de arrancar as asas da palavra barata uma a uma. Não tenho método pra isso.

ELA - A MENDIGA ASTRONAUTA (POEMA I)

De qual paraíso ou planeta ela veio, eu não sei ao fim e ao cabo. Um lugar onde ninguém ousou ir? Não de Atlântida ou de Xanadu. Mas, sei que passeia entre meteoritos de nojo e indiferença. E sei que não tem emprego, afeto, skate. Conhece toda a cidade quando acorda para esquecer quando se deita. Alimenta-se com as pombas. Banha-se ela com os sapos. E aposta cuspe à distância com ratos e colibris. Já a vi comer das mãos inseguras de uma senhora com bengala de sóis. Sim, seria uma boa empacotadora. Cata sacos como ninguém. Veste-se de modo independente. Se quer mijar, faz no canto da Igreja, Bem na madrugada, escondidinha. Embora com a permissão dos santos, a família Santos, dona do terreno, não deu permissão, porém. Jogou suas roupas no fogo... Deu graças que não jogaram os plásticos. Ela é uma astronauta urbana, Tem saudade das calças plásticas. E sacos plásticos dão som ao recheio de suas roupas. Eis que vejo-a num l

TRAVESSIA NOVE

( Urbana Paisagem) Corta a cidade, a atravessa, a grande avenida, como um pensamento atravessado por uma malícia, a avenida lembrando um fio de carícia no rosto da cidade, o sexo a penetrar a cidade, a grande avenida nove, serpente de asfalto e fome, fome de pneus, de calçados de corredores, calçados de madames, moças, pés descalços, pequenos ratos, cachorros, acidentes, paradas, desfiles, a grande avenida nove, com história de escravos atrás de si, corta a cidade a nove como o rio de João, o talhe de Maria na carne do tempo, como o sonho de Martins furando o real, como a moto no corredor, atalho à minha pequena casa-cidade, onde pérolas nascem e renascem no coração da concha-lar O sangue da cidade nessa grande avenida empoeirada e melada de ambições, ideais concretos, ou de concreto, asfalto, fezes de cachorro, uma grande cauda de um extremo a outro, uma grande cauda de vestido azul, quantos exploradores ali perpetraram assaltos legais e ilegais, jogos de avenida-cobra-tentadora-arr

HUMANIDADE

Começo das estações no palco: Comecei falando  Da merda com Prometeu. Hércules ainda não chegara. A Águia queria tirar-lhe a alma. Mas tinha um bico muito concreto. O hálito seco  do sopro da rocha. O esboroar do espaço denso  e o silêncio da platéia. O gume da luz  nos cegos de olhos de pré-fim(de quem?). Bagas de poeira nas máscaras dos gestos. O mendigo com apenas um caixote para dormir,  dois sapatos sem sola e miolos  espalhados de faz-de-conta. Subir no caixote indica coragem. A Coragem, uma mosca nua, facas nas asas. Romeu vê jacarés frente ao shopping  subindo pelos preços. O gume da sombra no fígado de Prometeu entupido de amor e luz e sujeira das drogas dos becos. Prometeu abanava a orelha direita e só eu percebia.  O único que amou o mundo. Só eu o via. O sarnento. Prometeu é lá nome de cachorro! Me dizia o outro eu, na lata. O nome do cão era Jesus antes. Mas volta e meia acendiam velas Em torno de sua casinha minha. Prometi a mim mesmo mudar-lhe o n