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Mostrando postagens de dezembro 26, 2015

O AMOR DOS MAUS

Hitler teve uma mulher que o amou. Mao teve uma meiga namorada. O ditador Franco fazia poemas incomparáveis e ridículos de amor. Idi Amin, antes de comer crianças, fazia declarações e amava sua mulher. Antes de morderem, As amadas lhes diziam ternuras com incêndio orbitando nas flores do sexo. Como entender o que é difícil?

MORDENDO O MAXIXE

Mexe o corpo, minha gente, Que isso lembra o maxixe. Lundu, polca, habanera, São avós deste sambuíche. Canta lá, trovão, Vê se fala manso! Cê tá sem noção, Grande manipanço? Em todo samba e lambada, O maxixe é relembrado, Calorosos nos meneios, No jogo do rebolado. Mas te amo, veja. Se te faço inveja, Faça assim também, E me ame ou nem! Cupido foi bem criado, Por entre abelhas cresceu, Mas tropeçou no maxixe, Sua alma enlouqueceu. Por isso, essa dança Arrocha no eu, Parafuso e rosca, No claro e no breu.

PARA LÚ OLIVER

Lúcia Luz Que ilumina estes cômodos De alma com umidade, Onde o espaço grassa E mete as unhas. Luz Lúcia Luz Que segura meus telhados Antigos que se desfazem Sobre caibros milenares E verdes e tortos. Lúcia Luz luzindo, Estou de novo em França Onde era  Um tronco rugoso e barbudo E te atravessava com  Espinhos enciumados melados na seiva Da paixão doentia. Lúcia Que ilumina este quintal, Onde uma arca se abre E recebe minhas feras Que herdaram da Idade Média Patas que te marcam com misoginias Religiosas.  Estou encarnado aqui Neste lodo de grafite, Com a alma apalavrada Em sintaxes preguiçosas. Te digo: A arca navega Sobre o sangue do tempo E o poeta apenas vai sendo levado Pelo papel onde cola espelhos.

DAS BEIRADAS DA INQUISIÇÃO

Das beiras dos bosques onde receitaram rezas para o fígado e o coração, ervas para a febre, a erisipela, e outras dores (in)conexas, das beiras das piras onde queimaram, por terem cabelos vermelhos, ou uma mancha sacra nos joelhos, das bordas dos homens que lhes odiaram, e lhes romperam, dessas bordas ficaram sem vingança nos tanques, servindo religiões  de seus homens, que falam de um Grande Homem que as julgará, com Seu Filho, que lhes olhará, sem culpa, com as órbitas de olhos amorosos prendendo-as em conceitos de Heroínas do Lar, sacrificadas ao eterno amor

NA ORELHA DOS FATOS

Lá longe no escuro na avenida a meio amigos de infância se roem e cheiram nos banheiros fétidos Uma jovem vem cambaleando de seus quinze anos se imaginando a super-modelo, enganando a todos no celular brincando com as consequências do faz o que tu queres Seu anjo-mau foi no lixo da esquina e já refocilou seus neurônios no mesclado As luas de seus sonhos são sentimentos maternos com leite vazando dos seios pinos de coca em fratura exposta A noite avança escura e clara como um ovo sideral estalado na face da galáxia Ela vem em minha direção e a cadela no fim da corrente me avisa antecipadamente da sombra que almeja devorá-la Em seus olhos os pássaros da náusea dão nódoas com papelotes e ervas e a dor canta qual contralto nas orelhas dos fatos

PARA AKHMÁTOVA

Seu primeiro marido fuzilado. O segundo com tísica. Seu terceiro marido concentrado num campo. Para eles a volta ao pó? Tenho o direito ao superficial fervor? Seus passos nos espinhos do Gulag. Sua poesia a se vender por amor. Para ela a volta ao pó? Seu primeiro poema em Leningrado. Os seus muitos xales do agrado de quem por si se apaixonou. Sua poesia-sentimento. Para eles a volta ao pó? Hoje tem poeta que só gado. E tudo que eu sei é superfície. Mas quem sabe mesmo do mar profundo? Mas há quem diga conhecê-lo. Palmas pra eles que o teorizam. Todos eles querem saber e o amor sempre exigente do leitor com o seu espanto. Para eles a volta ao pó? São os versos de Ana banhados de dor qual Florbela dando assim mais força à Dor Maior. Desde o nascimento, ou pouco adiante, sofreu a beleza até o fim, desatando distâncias por dentro. Para mim, o pó se aproxima. O cachorro está alimentado. Com correntes, perdido para Libertas. Vira-Latas. E eu escuto a pretensão no vídeo cansativo do crítico