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Mostrando postagens de abril 24, 2014

ADERNANDO PELOS OLHOS

Esquecer que fui oco mesmo denso o espaço Esquecer tudo ficando na beira da margem Esquecer que ser ontem é hoje estar sentado a ver Esquecer o impossível da fruta não mordida de sabor possível Esquecer na capa o título do abraço desejado Esquecer as palmas após o palco chovendo Esquecer o desejo não retornado do prefácio inusual Repaginar o caminho do rei destronado Esquecer que não redigi indesculpáveis parágrafos Esquecer que não conclui o traço da idéia inicial disto Os pés recolhidos sob as rodas do dia Os degraus do irrefreável ritual Pedir desculpas do abstrato esquecer o que não vi Refazer renascer no intervalo entre lá e aqui Pular a janela escancarada dentro Salto ornamental no evanescente Pular respondendo ao vazio Do amor ido sem densidade Esquecer que amei uma estátua num conto Com o casco-coração adernando pelos olhos Esquecer que fui oco mesmo tenso o esboço

ACORDAR, ACORDAR

Tenho de acordar segundas, terças, quartas, quintas, sextas. Tenho um sábado e domingo para atuar com o coração desfiado. Em cima de alguma cadeira ou sofá lendo a parede. Seja parede-parede ou parede-rosto. Lerei somente paredes de alma que tragam riso nas dores da carne. O eu pensa em sua cidade sem e com ambições. O eu não tem uma revista onde possa degustar o ego e envaidecer-se de ter uma bela opinião inquietante. Nem leitores enxergando-o como um belo exemplar. Mas o eu sabe que sua cidade precisa para todos os cidadãos de segundas, terças, quartas, quintas, sextas, sábados, domingos, com consciência suficiente para despertar o olhar pro barro e pedra do corpo.