Esquecer que fui oco mesmo denso o espaço Esquecer tudo ficando na beira da margem Esquecer que ser ontem é hoje estar sentado a ver Esquecer o impossível da fruta não mordida de sabor possível Esquecer na capa o título do abraço desejado Esquecer as palmas após o palco chovendo Esquecer o desejo não retornado do prefácio inusual Repaginar o caminho do rei destronado Esquecer que não redigi indesculpáveis parágrafos Esquecer que não conclui o traço da idéia inicial disto Os pés recolhidos sob as rodas do dia Os degraus do irrefreável ritual Pedir desculpas do abstrato esquecer o que não vi Refazer renascer no intervalo entre lá e aqui Pular a janela escancarada dentro Salto ornamental no evanescente Pular respondendo ao vazio Do amor ido sem densidade Esquecer que amei uma estátua num conto Com o casco-coração adernando pelos olhos Esquecer que fui oco mesmo tenso o esboço
BLOG PAIXÃO PASÁRGADA, ONDE UM DISCÍPULO DE HOMERO E TÉSPIS OFICIA